Girão diz que vai pedir aprofundamento sobre Consórcio Nordeste e Covaxin na CPI
Em entrevista à CNN, senador afirmou que cúpula majoritária da CPI busca "vingança" e não justiça sobre fatos ocorridos na pandemia
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), membro titular da CPI da Pandemia, afirmou à CNN nesta segunda-feira (25) que irá apresentar um voto separado ao relatório final do relator Renan Calheiros (MDB-AL) com pedidos de aprofundamento nas investigações sobre o Consórcio Nordeste e contratos da vacina Covaxin.
Para o senador, membros do chamado G7, o grupo majoritário da CPI, não olharam para questões envolvendo a compra de 300 respiradores pelo Consórcio Nordeste que, segundo ele, não teriam sido recebidos até então.
Girão afirmou ter recebido informações da CPI da Covid da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte que embasariam sua solicitação de indiciamento de Carlos Gabas, secretário-executivo do Consórcio.
“Eu sugiro o indiciamento dele [Carlos Gabas]. Há pedido para a PGR [Procuradoria-Geral da República] se aprofundar nas investigações da Covaxin e em relação a agentes públicos do Ministério da Saúde e agentes privados que tentaram dar um golpe no governo federal”, disse Girão na entrevista.
“Eu vou sugerir alguns indiciamentos de algo que essa CPI não quis olhar, com aprofundamento nas investigações em relação à Covaxin e à Davati, e mostrando erros do presidente da República especialmente sobre seu comportamento inadequado, como declarações infelizes sobre a vacina e aglomerações”, afirmou o senador.
Apesar de criticar as medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador também criticou o resultado final da CPI, em especial a atuação do principal núcleo da comissão, acusando-a de ter um “viés de vingança”: “O povo brasileiro quer justiça, mas não quer justiceiros, e a gente vê justiceiros fazendo politicagem”, afirmou.
Girão também disse que não irá participar da última reunião externa da comissão, prevista para esta segunda-feira à noite, para tecer ajustes finais no relatório de Renan Calheiros, que deverá ser votado pelos senadores na terça-feira (26).
Apesar de afirmar que a CPI mostrou que “o setor de compliance do Ministério da Saúde não existe”, o senador foi crítico às alterações previstas, como o possível acréscimo do nome do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), no rol de pedidos de indiciamentos do documento final da CPI.
“A gente percebe um movimento de politica regional, isso é triste. O governador não foi ouvido. Cadê o direito da ampla defesa e do contraditório? Eu sou favorável, cobrei por 6 meses que governadores viessem. Agora, o Supremo Tribunal Federal, que mandou o Senado abrir essa CPI, não deixa que os governadores venham”, afirmou.
Para Girão, a CPI irá indiciar de forma errônea pessoas que não foram ouvidas pela comissão, como o médico Mauro Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina, e secretários de Saúde de estados e municípios. “Será um final melancólico, mas que a gente espera deixar registrado para futuras gerações”, criticou.