Girão: ‘Diferente de outras CPI’s, essa não quer apurar corrupção’
Senador Eduardo Girão (Podemos-CE) diz à CNN que não faltou dinheiro, enviado pelo governo, para estados e municípios enfrentarem a Covid, mas sobrou escândalo
Em entrevista à CNN, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), titular da CPI da Pandemia, disse que ao contrário de outras comissões parlamentares de inquérito, a atual CPI não visa investigar casos de corrupção ocorridos na Saúde.
“Algo que a CPI [da Pandemia] tem fechado os olhos, até agora, é em relação ao desvio [de verba] e à corrupção apresentados em operações da própria Polícia Federal. Não faltou dinheiro, isso é fato, aqui do Governo Federal, de Brasília, não faltou dinheiro para estados e municípios enfrentarem a pandemia, mas sobrou escândalo. Então a gente precisa enfrentar isso, mas diferente de outras CPIs, percebo que essa não quer apurar corrupção.”
O senador afirmou também que encaminhou ao relator da CPI um requerimento assinado por 45 parlamentares “visando rastrear bilhões de reais”, que, segundo ele, se deram a partir da compra superfaturada de respiradores e construção de hospitais de campanha desativados em cinco meses.
Depoimento de Mayra Pinheiro
Eduardo Girão falou que espera que a Secretária da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Pinheiro, que depõe nesta terça-feira (25) à CPI da Pandemia, responda todas as perguntas.
Ele acredita que ao pedir Habeas Corpus e ter conquistado, parcialmente, o direito de não se pronunciar sobre determinados temas e períodos, é um mecanismo de defesa ao que ele considera “abuso de poder”. “Quem acompanha esta CPI vê ameaças de prisão o tempo todo, um espetáculo político de intimidação.”
O senador analisa ainda que ela é uma fonte técnica e de extrema importância por ter passado por todos os ex-ministros da Saúde de Bolsonaro e, ainda hoje, permanecer no governo.
“É importante ouvi-la porque ela está desde o início nesse trabalho, passou pelo [Luiz Henrique] Mandetta, também pelo [Nelson] Teich e agora, recentemente, [Eduardo] Pazuello, e continua no governo, então ela é uma peça-chave para trazer realmente as atividades que foram feitas dentro do governo federal com relação à pandemia.”
Girão criticou a postura do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator, ao chamar a médica de ‘Capitã Cloroquina’. Ele considera que Mayra terá “oportunidade de esclarecer este assunto nebuloso do tratamento precoce.”