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    Frente Parlamentar da Agropecuária rebate falas de presidente da Apex na China

    Jorge Viana, que está na China e acompanharia o presidente Lula na visita institucional e empresarial ao país, afirmou que "a agricultura e, sobretudo, a pecuária ocupam áreas oriundas do desmatamento da Amazônia"

    Elijonas Maiada CNN , em Brasília

    A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou uma nota de repúdio às falas do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana.

    Diante de executivos do agronegócios e autoridades chinesas, o presidente da Apex defendeu na China que o governo e o empresariado devem reconhecer seus problemas ambientais relacionados ao desmatamento da Amazônia ao invés de tentar ocultá-los

    Para a bancada, o posicionamento de Viana em relação aos problemas ambientais brasileiros “foi equivocado”.

    Jorge Viana, que está na China e acompanharia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na comitiva de visita institucional e empresarial ao país, afirmou que “a agricultura e, sobretudo, a pecuária ocupam áreas oriundas do desmatamento da Amazônia”.

    A declaração foi durante evento, em Pequim, que tratou de parcerias e práticas sustentáveis entre empresários chineses e brasileiros.

    “Quero dar números bem objetivos. Falei que 84 milhões de hectares foram desmatados. Para que essas áreas estão sendo usadas? 67 milhões de hectares para a pecuária; 6 milhões para agricultura de grãos. E 15 milhões (são) de floresta secundária”, disse Viana, no evento.

    Segundo a FPA, o porta-voz brasileiro, responsável pela promoção das exportações, prejudica o setor “ao se permitir macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada desprovida de informações científicas e oficiais”.

    Ainda segundo a bancada, a área de uso do território nacional para agricultura e pecuária somam 27,8%, atrás de países como China, (55,1%), Alemanha (46,6%), Estados Unidos (41,3%) e Argentina (39%)”.

    Nas redes sociais, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL), endossou as críticas.”Querem derrubar de uma vez só a imagem do país, o saldo comercial e o PIB?”, escreveu em seu perfil no Twitter.

    Jorge Viana, por sua vez, respondeu a postagem horas depois. Segundo o presidente da Apex, a declaração no evento teve como objetivo promover o agronegócio e promover o setor. “O tempo da insensatez já passou, acredite!”, escreveu.

    Confira a nota da FPA na íntegra:

    “A Frente Parlamentar da Agropecuária lamenta o posicionamento equivocado do atual presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, sem total conhecimento sobre a agropecuária nacional.

    A Apex é uma agência que tradicionalmente trabalhou pela promoção da imagem e dos produtos brasileiros no exterior.

    É intangível o estrago que um porta-voz brasileiro, responsável pela promoção das exportações, faz ao se permitir macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada desprovida de informações científicas e oficiais.

    Importante registrar que exportamos para mais de 200 países com qualidade, eficiência e atendemos à todos os protocolos sanitários, ambientais e de mercado. O estrago vai além dos produtos agropecuários e atinge diretamente a imagem brasileira perante o mercado internacional.

    A FPA reforça os dados oficiais que comprovam a sustentabilidade da agropecuária e da preservação ambiental em números vultosos diante dos países competidores do globo:

    1. O Brasil possui 66% do seu território em vegetação nativa preservada ou protegida. Dados da Embrapa Territorial demonstram que proprietários rurais são os que mais preservam, ou seja, 20,5% do País, com áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente de suas respectivas propriedades;
    2. Ressalta-se ainda que nenhum outro país do globo possui o modelo sustentável brasileiro, com leis ambientais rigorosas, como o Código Florestal que impõem ao proprietário rural cotas de preservação ambiental da propriedade por bioma: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% aos demais, além de manter preservação em cursos d’água;
    3. A área de uso do território nacional para agricultura e pecuária somam 27,8%, atrás de países como China, (55,1%), Alemanha (46,6%), Estados Unidos (41,3%) e Argentina (39%); (Fonte: IPEA/22)
    4. O Ipea registra que a expansão da área de produção agropecuária com tecnologias e práticas sustentáveis atingiu 154% da meta fixada no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação da Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). O Plano é uma política pública composta por programas com ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis.

    O Brasil, para que não reste dúvida, possui sustentabilidade na produção e vocação para alimentar o mundo, com respeito ao meio ambiente e combate aos crimes cometidos. Não aceitaremos que ideologias superem dados oficiais de satélite e a ciência.”

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