Frente Nacional de Prefeitos: ‘Liminar que reabre igrejas confunde o povo’
Presidente da FNP, Jonas Donizette diz em entrevista à CNN que decisão de Nunes Marques é incoerente com o momento da pandemia
No sábado (3), véspera da Páscoa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques, determinou em caráter provisório que estados, municípios e o Distrito Federal não podem editar normas de combate à pandemia do novo coronavírus que proíbam completamente atividades religiosas presenciais, como cultos e missas.
Em entrevista à CNN neste domingo (4), o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, considerou a liminar incoerente ao momento da pandemia. “Esta liminar é um pouco extemporânea. Porque as pessoas já estão confusas. Se tem uma coisa que está faltando é a unicidade de informação”, afirmou.
“Esta decisão do ministro Nunes Marques vai contra até as orientações do Ministério da Saúde e é por isso que gera toda a confusão”, completou.
Na segunda-feira (5), a FNP vai se reunir virtualmente para ouvir os prefeitos em relação à liminar. “Nunes Marques está interpretando como liberdade de culto. Mas ninguém está tirando a liberdade de ninguém. O que nós estamos dizendo, é: existe uma pandemia e é melhor você acompanhar o culto da sua casa, remotamente ou fazer orações em casa, do que se reunir em um local”.
“Muitos pastores, padres e bispos, antes mesmo das autoridades, já tinham tomado a decisão em resguardo à vida das pessoas em fazer transmissão online”.
Em nota divulgada também neste domingo (4), a FNP pede que a decisão seja cumprida, já que se trata de uma decisão judicial de um Ministro do Supremo.
“Eu não recomendo nenhum prefeito a fechar uma igreja que esteja sobre um culto ou missa. Não recomendo. Nós já estamos vivendo momentos tão difíceis. Eu espero que isso não aconteça, por isso eu apelo às autoridades religiosas: tudo o que o nosso país precisa é de ponderação e união”.
No mesmo comunicado, a Federação pede que o presidente do STF, Luiz Fux, se manifeste sobre a questão.
“Eu gostaria muito de uma manifestação ainda neste domingo (4) do ministro Luiz Fux sobre esta questão, porque existe uma decisão de plenário que nos dá esta prerrogativa [de proibir celebrações religiosas presenciais], no entanto existe agora esta liminar que saiu ontem e diz o contrário do que o plenário decidiu”.