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    “Força armada sem hierarquia torna-se milícia”, diz Raul Jungmann

    Mais cedo, João Doria (PSDB) afastou o chefe do Comando de Policiamento do Interior de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, que teria convocado colegas para uma manifestação política em Brasília

    João de Marida CNN , em São Paulo

    O ex-ministro da Defesa e Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (23) que “força armada sem hierarquia e disciplina torna-se milícia”. O responsável pela política de defesa nacional no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) comentou o afastamento de um coronel da polícia militar de São Paulo por indisciplina.

    Mais cedo, o governador João Doria (PSDB) afastou o chefe do Comando de Policiamento do Interior de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, que teria convocado colegas para uma manifestação política a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), marcada para o dia 7 de setembro, quando se comemora o Dia da Independência.

    “O governador está certo, cabe uma punição e deveria estender ao coronel da polícia da reserva, porque força armada não participa de política. Força armada é corporação de estado, e enquanto agente de estado é vedado participação politica”, avaliou o ex-ministro à CNN.

    Jungmann referia-se ao coronel da reserva da Policia Militar de São Paulo e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, que também teria divulgado um vídeo nas redes sociais em que convoca policiais militares a se unirem em apoio ao ato.

    “É direito se expressar sobre política, mas não é um direito constitucional para militares ou policias se expressarem sobre política. A razão é muito simples: quando a política entra pela porta, a hierarquia e disciplina saem pela janela”, concluiu o ex-ministro.

     

    Política entrou nos quartéis

    Na avaliação de Jungmann, a participação de Bolsonaro em formaturas e atos de policiais que “estão sob controle de governadores” é “absolutamente inadequado”. Por este motivo, ele acredita haver uma proximidade da política nos quartéis.

    “Existe sim, essa proximidade [de ações políticas em quartéis]. Se não é entre corporação militar, acontece em seguimentos dela e isso causa problemas muito grandes”, disse.

    Em conversa recente com Doria, o ex-ministro teria aconselhado o governador a se aproximar da Polícia Militar e de “toda cadeia do comando armado”. Segundo ele, o motivo seria a proximidade de Bolsonaro com as forças de segurança.

    “Conversei recentemente com o governador Doria e falei para ficar próximo da PM e que o governo fizesse análises de toda cadeia do comando, porque o presidente da República esta investindo no conflito. Ele está cortejando policias e isso é rigorosamente errado, inconstitucional e tem que ser evitado”.

    Para o ex-ministro, cabe aos poderes da República e governadores dos estados evitarem que essa proximidade política aconteça. “Quanto antes se mantiver em controle e disciplina é melhor, porque o presidente infelizmente investe na turbulência e no conflito. Cabe evitar que o pior aconteça”, disse.

    Participação em ato

    Também em entrevista à CNN, nesta segunda-feira (23), o coronel da reserva da Policia Militar de São Paulo e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, afirmou que estará no ato pró-Bolsonaro e que a Ceagesp — por onde transitam 50 mil pessoas e 12 mil veículos por dia — teria dado a ele uma ideia proporcional do que o presidente estaria também enfrentando.

    “Eu me deparei aqui com todo o tipo de corrupção, com pessoas querendo o mal da gente em todos os sentidos, ameaças de morte, fazer lobby para arrancar a gente daqui, tentar comprar a gente. Então, isso é um exemplo do que ocorre no nosso país e as pessoas de bem precisam se mover para mudar isso”, conta Ricardo.

    Questionado pela reportagem sobre a possibilidade de usar a Rota para fins políticos — ao aparecer no vídeo com uma camiseta da corporação –, Mello Araújo disse que a roupa não era uma farda oficial, e que cada um precisa acionar as pessoas com quem se relaciona.

    (Com informações de José Brito)

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