Filho de petista morto em Foz do Iguaçu diz ter se surpreendido com divulgação de conversa com o presidente Bolsonaro
Bolsonaro ligou para irmãos da vítima que defendem o governo e não estavam na festa onde o crime ocorreu. O filho da vítima afirmou à CNN que a família mantém bom relacionamento, apesar das discordâncias políticas e que a ligação de presidente causou surpresa
Após a divulgação do vídeo de uma conversa por telefone do presidente Jair Bolsonaro com os irmãos de Marcelo Arruda – militante do PT assassinado em Foz do Iguaçu no fim de semana – o filho de Arruda disse à CNN ter ficado surpreso com a exposição das imagens. De acordo com Leonardo Arruda, a chamada em vídeo era reservada e boa parte da família ficou sabendo pela internet que o Palácio do Planalto havia entrado em contato. “Aparenta ser algo para usar na campanha. Estão tentando distorcer o caso e a gente só quer justiça”, disse.
O encontro virtual com os irmãos do petista, que são apoiadores de Bolsonaro, foi intermediado pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), designado para ir a Foz do Iguaçu pelo presidente.
Durante a ligação, que durou 12 minutos, o presidente convidou os irmãos de Marcelo para um encontro presencial do Palácio do Planalto, mas pelo vídeo não é possível concluir se eles aceitaram.
José e Luiz Arruda, irmãos da vítima, também moram em Foz do Iguaçu, mas não estavam na festa de aniversário de Marcelo onde o crime ocorreu.
O filho de Marcelo e a esposa da vítima, Pamela Arruda, são de esquerda, estavam com Marcelo na noite do crime e afirmam que não foram procurados por Bolsonaro. Apesar da diferença política, de acordo com Leonardo, os irmãos mantinham bom relacionamento. As discordâncias ficavam por conta de conversas em grupos de WhatsApp e almoços de família. “A gente tem noção que a família tem que ficar unida”, disse.
“Temos esperança por justiça. Estão tentando distorcer o caso para passar pano para o assassino. E não é isso, devemos honrar o nome do meu pai que morreu tentando evitar uma tragédia pior”, afirmou. A família se sente abalada pela divulgação de informações em redes antipetistas que responsabilizam Marcelo pela própria morte.
Algumas postagens afirmam que a vítima estaria bêbada e, antes de ser alvejado, teria arremessado pedras no carro do assassino. “Não teve isso. Ninguém havia ouvido falar dele. Meu pai não conhecia ele. Um cara que dedicou 28 anos da sua vida à segurança, à população, não podem queimar toda história. Isso é inadmissível”, afirmou.