Filha de Olavo de Carvalho dá detalhes sobre a relação com o pai
Em entrevista à CNN, Heloísa conta que era abandonada pelos pais, mas que manteve contato até 2017, quando, então, teria rompido definitivamente com a família
No dia marcado pela prisão de Fabrício Queiroz no interior de São Paulo, uma cena curiosa chamou a atenção. Em meio a repórteres que faziam a cobertura da prisão, um casal surgiu com duas taças de champanha e suco de laranja. Foram comemorar a prisão de Queiroz com uma alusão à suspeita de que o ex-PM estaria envolvido em um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
A manifestação foi protagonizada pela professora Heloisa de Carvalho e por seu amigo Bruno Maia, candidato a deputado federal pelo PSOL nas últimas eleições.
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O interesse de Maia pela prisão ficava claro pela sua trajetória política. O de Heloisa, no entanto, tem a ver com seu sobrenome. A professora é filha do astrólogo e filósofo Olavo de Carvalho, considerado guru do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos. Conforme revelado na quinta-feira (18) pela CNN, a filha de Olavo de Carvalho denunciou a localização de Queiroz ao Ministério Público.
Em 20 de maio, Heloisa e o amigo Bruno publicaram no Instagram uma foto da fachada da casa de Frederick Wassef no interior de São Paulo. Na legenda, informavam que Queiroz estava escondido no local.
Heloísa, que é professora de artesanato, contou à reportagem que tinha informações de que Queiroz estava em Atibaia desde o começo do ano passado: “Um jornalista me alertou sobre a presença de Queiroz na cidade e o bairro. Por coincidência, eu estava cuidando da casa de uma amiga que ficou doente. Quando recebi mais informações, descobri que a casa suspeita era ao lado do imóvel que eu estava cuidando. Aí comecei a acompanhar as movimentações, que eram suspeitas”.
Relação entre pai e filha
A relação entre filha e pai sempre foi tumultuada, desde a infância. Heloísa fala em “abandono intelectual”, acrescentanto que ela e os irmãos não frequentaram a escola: “Meus pais chegavam a matricular, depois não pagavam, não davam importância, tanto que, dos meus irmãos, sou a única que fui alfabetizada, perto dos 20 anos, com a ajuda de uma tia”.
Além de não ter frequentado a escola, Heloísa conta que era abandonada pelos pais, mas que manteve contato até 2017, quando, então, teria rompido definitivamente com toda a família, incluindo os sete irmãos, durante as gravações do documentário “O jardim das aflições”, sobre a vida de Olavo. “Eu liguei para o meu pai para interceder em favor do diretor, que estava sendo prejudicado. A priori, meu pai falou assim: ‘Não se meta nisso’”, contou. “Depois disso, meu irmão tentou me convencer, mas rompi com todos.”
Morando há mais de 30 anos na pacata cidade de Atibaia, a filha mais velha do guru bolsonarista vive hoje com marido e está no quarto casamento. Desde a briga com o pai, tem dado entrevistas revelando os problemas de relacionamento com ele e passagens polêmicas.
Heloísa se considera anti-Bolsonarista e anti-Olavista e afirma que torce para uma ampla investigação do ex-policial Fabrício Queiroz. “Espero que Queiroz fale tudo o que ele sabe. Até porque ele estava escondido. Espero que venha muita coisa a tona que essas questões venham a ser investigada. Eu sempre fui contra a corrupção”, afirmou.
A CNN entrou em contato com Olavo de Carvalho, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.