Fernando Molica: Viagem de Bolsonaro à Rússia em si já é um problema
No quadro Liberdade de Opinião desta segunda-feira (14), comentarista analisa a ida do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Moscou em meio a tensão com a Ucrânia
No quadro Liberdade de Opinião desta segunda-feira (14), o comentarista Fernando Molica analisou a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, em meio as tensões com a Ucrânia.
No último sábado (12), o presidente da República reafirmou que vai viajar para Moscou nesta segunda, apesar da escala de tensões crescentes entre russos e ucranianos. À CNN, Bolsonaro afirmou que a pauta do encontro que terá com Vladimir Putin vai ser diversificada, e que o Brasil não tem problemas de conflitos.
Para Molica, a realização da viagem de Bolsonaro à Rússia já é um problema, além de acontecer em um momento que não é o ideal.
“O presidente deveria ter corrido para a diplomacia. O Itamaraty é uma escola de diplomacia consagrada. Arrumar uma solução diplomática, porque é um problema, a chance de [a viagem] não dar problema é muito baixa. A própria viagem em si, o fato de o presidente Jair Bolsonaro embarcar hoje para a Rússia já é um problema.”
O comentarista avaliou que a viagem do presidente da República está muito ligada a problemas de relacionamento de Bolsonaro com outros países ao longo de seu mandato.
“Hoje, o Bolsonaro tem muita dificuldade para ir em qualquer lugar. Ele fez campanha para o Trump, demorou para reconhecer a vitória do Biden. Então se ele for aos Estados Unidos, não vai ser bem recebido”, apontou.
“Brigou com a França, já se meteu em várias polêmicas, sem o menor sentido, criou problema com a China. Então o Bolsonaro não é bem-vindo em boas parte dos países, inclusive nos países de democracia ocidental, cristã.”
“Então ele acaba recorrendo a autocratas, como Vladimir Putin – neste momento, prestes a dar início a uma possível guerra. Imagina se ele [Bolsonaro] esta lá na Rússia e começa a guerra. É improvável que isso aconteça, mas pode acontecer, então para que sinalizar nesse momento?”
Notícias-crime contra Bolsonaro
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) três noticias-crime movidas por parlamentares contra o presidente Bolsonaro.
O presidente é alvo de ações que o acusam de ter cometido os crimes de corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa em favor do empresário Luciano Hang. Em dezembro, Bolsonaro afirmou ter demitido diretores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), depois que a instituição interditou uma obra de Hang.
Mendonça rejeitou um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que ele se declarasse suspeito para analisar as notícias-crime.
Urnas eletrônicas
Durante o fim de semana, Bolsonaro voltou a criticar as urnas eletrônicas. Em entrevista à Rádio Tupi, ele afirmou que as Forças Armadas levantaram dúvidas sobre o sistema eleitoral e voltou a declarar que o sistema não é de confiança de todos.
Já o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso, falou, em entrevista ao Jornal O Globo, que Bolsonaro tinha dado a palavra de que o assunto estava encerrado, e que o discurso é “repetido e vazio”.
O ministro ainda acrescentou que Bolsonaro foi intimado a apresentar provas contra o sistema eleitoral, mas “não mostrou coisa alguma”.
Federação entre PT e PSB
As negociações regionais entre PSB e PT visando a disputa do Palácio do Planalto tiveram uma trava no fim de semana, depois que o ex-ministro da Justiça e pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro, foi recebido pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou à CNN que o gesto de Casagrande foi uma “sinalização muito ruim”.
A articulação para que o PT não tenha candidato próprio no estado estava avançada, mas a recepção a Moro não foi bem digerida por petistas.
O Liberdade de Opinião teve a participação de Fernando Molica e Boris Casoy. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.