Fala de Lula sobre Caixa deixa base do PP irritada e pode comprometer votações
Presidente disse que não está disposto a mexer no comando do banco estatal; lideranças partidárias afirmam que Caixa faz parte de negociação em reforma ministerial
Líderes do Centrão estão em alerta para o destino da Caixa Econômica Federal após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que afasta a possibilidade de troca no comando do banco ainda neste ano.
Segundo lideranças ouvidas sob reserva, a entrega do comando do banco como parte do acordo para entrada do partido no governo teria sido apalavrada por Lula ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Assim como foi prometido ao ministro do Esporte, Andre Fufuca (PP-MA), pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), e o chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA).
Porém, em entrevista na segunda-feira (25), Lula deu a entender que não tem pressa para fazer as trocas. “O único cargo que eu não posso mexer é no meu e no do [vice-presidente] Geraldo Alckmin, que foi o povo brasileiro que deu. Mas o restante eu posso mexer em qualquer um e posso dizer que, por enquanto, não estou disposto a mexer com nada. Eu estou disposto a fechar o ano bem”, disse.
No entanto, no PP a avaliação é de que, nas últimas votações, a legenda já respondeu ao apoio do Planalto pela reeleição de Arthur Lira à Câmara, no início deste ano.
Atualmente, a bancada na Câmara, formada por 49 deputados, tem entregado mais da metade dos votos para o governo.
No Senado, onde o partido tem seis senadores, há mais dificuldade por causa da atuação do presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira (PP-PI). Ele declarou abertamente que continuará fazendo oposição ao governo.
Lira afirmou, em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, que tem um acordo com o presidente para receber a Caixa de “porteira fechada”. Ou seja, com todas as 12 vice-presidências.
A fala de Lira tampouco agradou aliados, que defendem manter as conversas sobre o assunto sob reserva para não atrapalhar a negociação.
VÍDEO – PP quer garantia de “porteira fechada” para assumir a Caixa
