Fala de Bolsonaro contra terrorismo “deveria ter ocorrido antes”, diz Janaina Paschoal
Deputada estadual, que apoiou Bolsonaro em 2018, diz que o presidente "gerou um medo desnecessário numa grande parcela da população"
Durante participação no programa Arena CNN desta sexta-feira (30), a jurista e deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal (PRTB) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) demorou para se manifestar contra os atos antidemocráticos que vêm ocorrendo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição deste ano.
Em transmissão realizada pela internet na manhã desta sexta, Bolsonaro citou a prisão, ocorrida no dia 25, de um suspeito de colocar uma bomba na região do aeroporto de Brasília e disse que “nada justifica essa tentativa de ato terrorista”. O presidente também negou a ideia de ir “para o tudo ou nada” e pediu que seja feita oposição com “inteligência” ao futuro governo petista.
Para Janaina, a fala de Bolsonaro foi “fundamental”, porque “agora ele deixou bem claro que o presidente Lula vai assumir e que ele [Bolsonaro], na verdade, já deixou o cargo”.
“Acho que essa manifestação dele foi fundamental. Por óbvio, entendo que deveria ter ocorrido antes, mas antes tarde do que nunca. Nesse ponto, quero deixar um elogio”, disse a deputada.
Para Janaina, Bolsonaro “prejudicou muito o país” por ter mantido o discurso radical durante a maior parte de seu mandato. “Porque a moderação, a ponderação, que ele trouxe na última fala como presidente, ele não trouxe durante os quatro anos [de governo]. Então, ele gerou um medo desnecessário numa grande parcela da população. Parcela que, inclusive, o havia apoiado em 2018.”
“Por que, então, aqueles discursos todos em cima do palanque, aquelas ameaças veladas, aquelas graças? Foi um prejuízo incomensurável para o país, na minha leitura. Por isso eu entendo que ele não é essa pessoa em torno de quem a centro-direita poderá se unir –se é que isso ocorrerá daqui a quatro anos”, acrescentou.
“Fala não convenceu”, diz Casagrande
O comentarista Walter Casagrande Júnior também participou do debate e fez críticas a Bolsonaro. O ex-jogador diz não ter se convencido com a fala conciliadora do presidente.
“Nós temos que analisar não o que ele falou, mas as mensagens subliminares que ele mandou. Porque as coisas que ele fala claramente são de impacto para tentar ficar em uma situação melhor, de que entendeu, que aceitou a derrota. Não aceitou a derrota, nada. Ele mandou mensagens porque, ao mesmo tempo em que ele condena o ato terrorista de seis dias atrás –mas não falou nada há seis dias, falou hoje porque vai embora– ele não falou nada desde que ele perdeu a eleição”, comentou.
Casagrande citou que, desde o fim da campanha eleitoral, “os atos golpistas continuaram acontecendo” e “ele [Bolsonaro] não abriu a boca para nada”.
O ex-jogador também fez críticas ao fato de Bolsonaro ter deixado o Brasil nesta sexta rumo aos Estados Unidos para não passar a faixa presidencial no domingo (1º).
“Vejo essa partida dele para os Estados Unidos como uma covardia. E vejo ele não estando aqui para passar a faixa, no mínimo, como deselegante. Ninguém gosta de perder nada, mas passar a faixa para o outro que ganhou seria uma questão de educação, de reconhecimento e de elegância. Ele está sendo deselegante e mau educado com o presidente Lula, que ganhou a eleição.”
Veja outro trecho do debate entre Janaina Paschoal e Casagrande: