Facebook aprovou anúncios que promoviam violência após atos em Brasília, diz organização
Dias depois do 8 de janeiro, grupo de de direitos humanos Global Witness enviou 16 anúncios falsos, que promoviam ataques e ameaças, para serem veiculados na plataforma; 14 foram aprovados para publicação
O Facebook aprovou uma série de anúncios online que promoviam a violência no Brasil dias depois que criminosos depredaram e saquearam as sedes dos Três Poderes, em Brasília, de acordo com um novo relatório.
Quatro dias após os atos, em 8 de janeiro, a organização de direitos humanos Global Witness descobriu que o Facebook ainda permitia anúncios contendo ameaças de morte e outros apelos à violência em sua plataforma.
Usando contas falsas, o grupo enviou 16 anúncios falsos para serem veiculados na plataforma, 14 dos quais foram aprovados para publicação.
Entre os anúncios aprovados estavam mensagens que diziam, em português: “Precisamos desenterrar todos os ratos que tomaram o poder e matá-los”, “Precisamos de uma revolução militar para restaurar o estado de direito” e “Morte aos filhos de eleitores de Lula”.
A organização disse que retirou os anúncios do Facebook antes que qualquer outro usuário pudesse vê-los.
A Global Witness também submeteu os anúncios para aprovação no YouTube, mas a plataforma de compartilhamento de vídeos imediatamente suspendeu as contas do grupo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) assumiu o cargo em 1º de janeiro, depois de derrotar Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de outubro. Bolsonaro, no entanto, se recusou a admitir a derrota.
No início deste mês, milhares de apoiadores do ex-presidente invadiram o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto em um ataque que durou mais de três horas.
Na época, como tentativa de conter o fluxo de postagens que incitam a violência online, a empresa controladora do Facebook, a Meta, disse que designou o Brasil como um “local temporário de alto risco” e removeu o conteúdo que pedia que as pessoas pegassem em armas ou invadissem prédios do governo à força.
Rosie Sharpe, ativista de ameaças digitais da Global Witness, contestou a estratégia da Meta.
“Após a violência em Brasília, o Facebook disse que estava ‘monitorando ativamente’ a situação e removendo conteúdo que violasse suas políticas. Este teste mostra o quão mal eles são capazes de impor o que dizem”, disse Sharpe.
“A resposta muito mais forte do YouTube demonstra que é possível passar no teste que estabelecemos.”
O porta-voz da Meta, Mitch Henderson, disse que a pequena amostra de anúncios da Global Witness não era representativa de como a empresa aplicava suas políticas em escala.
“Como dissemos no passado, antes da eleição de 2022 no Brasil, removemos centenas de milhares de conteúdos que violavam nossas políticas de violência e incitação e rejeitamos dezenas de milhares de envios de anúncios antes de serem exibidos”, disse ele.
“Usamos tecnologia e equipes para ajudar a manter nossas plataformas protegidas contra abusos e estamos constantemente refinando nossos processos para aplicar nossas políticas em grande escala.”