Exclusivo: Mensagem de Flávio Bolsonaro pesou para Alcolumbre devolver MP
Nela, Flávio atribui 'resultado vexatório' de produção das universidades à escolha de reitores 'por sindicalistas e núcleos ideológicos de extrema esquerda'
Uma mensagem enviada por Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) em um grupo de WhatsApp de senadores contribuiu para a decisão do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, de devolver ao governo a medida provisória que autoriza o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a nomear reitores durante a pandemia do coronavírus sem consulta prévia à comunidade acadêmica.
O texto, ao qual a CNN teve acesso, foi enviado pelo filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro às 9h41 da quinta-feira (11). Na mensagem, Flávio diz que a responsabilidade do “resultado vexatório” de produção das universidades “vem da escolha ‘democrática’ de reitores por sindicalistas e núcleos ideológicos de extrema esquerda”, e questiona se defender um modelo errado seria um ato democrático.
“O que estão produzindo nossas universidades federais com dinheiro do contribuinte? Responsabilidade grande do resultado vexatório delas vem da escolha “democrática” de reitores por sindicalistas e núcleos ideológicos de extrema esquerda”, afirmou Flávio. “Defender um modelo comprovadamente errado, que nunca nos deu um Nobel sequer, por causa da pessoa do ministro não me perece democrático”, acrescentou.
Segundo interlocutores de Alcolumbre, além da mensagem do filho do presidente da República, pesou na decisão do senador a avaliação de que colocar a MP em votação, mesmo que fosse para rejeitar a proposta, seria admitir a sua constitucionalidade. Além disso, o presidente do Senado viu a oportunidade de usar a medida provisória para mandar alguns recados ao Poder Executivo.
Um deles foi em defesa da democracia e da ciência. “Cabe a mim, como presidente do Congresso Nacional, não deixar tramitar proposições que violem a Constituição Federal. O Parlamento permanece vigilante na defesa das instituições e no avanço da ciência”, escreveu Alcolumbre no Twitter nesta sexta-feira (12). Outro foi em defesa da autonomia universitária, comunidade com a qual o senador tem boa relação.