Ex-procurador-geral que mandou investigar suspeitas do mensalão declara apoio a Lula
“Nossa gente precisa estar sabendo propor coisas sérias, coisas fundamentais. Não fake news, não coisa ruim, coisa arrogante. Não armas. Precisamos da paz”, diz Claudio Fonteles
Claudio Fonteles, ex-procurador-geral da República (PGR) responsável por determinar as investigações iniciais que resultaram na ação penal do mensalão, gravou um vídeo em apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste domingo (2).
“Nossa gente precisa estar sabendo propor coisas sérias, coisas fundamentais. Não fake news, não coisa ruim, coisa arrogante. Não armas. Precisamos da paz”, diz Fonteles em um trecho da gravação na qual declara o voto em Lula e critica o atual governo. “Democracia é o melhor de todos os regimes e que nós nunca, nunca podemos abrir mão desse regime.”
Fonteles foi o primeiro procurador-geral da República indicado ao cargo por Lula, em 2003, e o primeiro a ter sido escolhido a partir de uma lista tríplice votada pelos integrantes da instituição – nesta campanha, o candidato do PT tem evitado se comprometer a manter esse dispositivo, que deixou de ser seguido no governo Jair Bolsonaro (PL).
Dois anos após a aprovação de seu nome pelo Senado, Fonteles foi responsável por determinar a apuração do que havia dito em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) a respeito do esquema de compra de apoio político no Congresso que ficou conhecido como mensalão.
Seu sucessor na PGR, Antônio Fernando de Souza, também indicado por Lula a partir da lista tríplice do Ministério Público Federal, foi o responsável pela denúncia que levou à condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012, de lideranças petistas como José Dirceu e José Genoino, assim como do próprio Jefferson e o também deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP), presidente da sigla pela qual Bolsonaro disputa a reeleição neste ano.
O vídeo de Fonteles deve fazer parte de uma série de apoios públicos de juristas ao candidato do PT, como os de Lênio Streck e Almino Affonso, último ministro vivo do governo João Goulart e ex-deputado federal pelo MDB e PSDB.