Ex-governadores do Nordeste são favoritos ao Senado, enquanto senadores patinam a governos estaduais
Um terço das 81 vagas do Senado está em jogo nestas eleições
Ex-governadores de estados do Nordeste e de partidos de esquerda que são candidatos ao Senado aparecem entre os mais bem cotados para assegurar uma vaga na Casa, apontam pesquisas eleitorais. Por outro lado, a maioria dos atuais senadores que pretendem comandar os respectivos estados tem patinado nas intenções de voto.
Camilo Santana (PT), Wellington Dias (PT) e Flávio Dino (PSB) eram governadores do Ceará, Piauí e Maranhão, respectivamente, e se descompatibilizaram dos cargos no primeiro semestre para poderem concorrer ao Senado, como determina a legislação eleitoral.
Os três aparecem com folga na liderança na disputa por uma vaga como senador em seus Estados. Em comum, são de partidos de esquerda, comandaram estados nordestinos e apoiam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República.
Wellington Dias, inclusive, integra a coordenação da campanha de Lula. Eles também foram reeleitos governadores em primeiro turno, em 2018.
Um terço das 81 vagas do Senado está em jogo nestas eleições. Será eleito um senador por unidade federativa. Para ser eleito, é preciso somente ser mais votado do que os concorrentes, não tendo que chegar a 50% mais um dos votos válidos.
Camilo Santana aparece com 66% das intenções de voto na pesquisa Ipec (ex-Ibope) ao Senado pelo Ceará divulgada nesta quinta (22). A segunda colocada é Kamila Cardoso (Avante), com 13%.
Lula também se sai bem no Estado. Pesquisa Ipec anterior, divulgada no dia 9 deste mês, mostrou Lula na frente entre os cearenses com 57%, contra 19% do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição.
Wellington Dias conta com 46% das intenções de voto na pesquisa Ipec à vaga do Senado pelo Piauí, divulgada em 12 de setembro. O segundo lugar, Joel Rodrigues (PP), aparece com 26%.
Assim como no Ceará, Lula lidera a disputa presidencial no Piauí, com 61% das intenções de voto, contra 20% de Bolsonaro, aponta a pesquisa.
Flávio Dino contabiliza 59% das intenções de voto na pesquisa Ipec ao Senado pelo Maranhão divulgada na terça (20). O mais próximo é Roberto Rocha (PTB), com 21%.
Lula é líder da corrida ao Planalto no Maranhão, com 67% das intenções de voto, contra 19% de Bolsonaro, aponta a pesquisa.
Outro ex-governador nordestino e apoiador de Lula que está à frente em pesquisas para o Senado com ampla vantagem é Renan Filho (MDB), de Alagoas. Em pesquisa Ipec divulgada na terça, ele aparece com 59% das intenções de voto. Em seguida, vem Davi Davino Filho (PP), com 21%.
Ainda, em Alagoas, Lula tem 54% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 30%, segundo a pesquisa.
Além dos quatro governadores citados, renunciaram ao comando de estados João Doria (PSDB), em São Paulo, e Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul. O primeiro saiu da vida pública após ser protagonista de série de brigas no PSDB e ser preterido internamente na disputa à Presidência da República. Leite também aventou disputar o Planalto, mas acabou optando pela tentativa à reeleição. Ele tem aparecido na frente em pesquisas de intenção de voto.
Pesquisa Ipec divulgada em 16 de setembro aponta que Lula e Bolsonaro estão em situação de empate técnico no Rio Grande do Sul, com 40% e 39%, respectivamente.
Foram ouvidas 1,2 mil pessoas entre 13 e 15 de setembro em 65 municípios. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00161/2022.
Senadores com dificuldade de fazer o caminho contrário
Enquanto isso, grande parte dos senadores que querem fazer o caminho contrário, concorrendo a governos estaduais, tem ido mal nas pesquisas até o momento. Para se elegerem governadores, precisam de ao menos 50% mais um dos votos válidos.
Dos atuais 81 senadores, 18 almejam ser governadores. Destes, somente o mandato de Fernando Collor de Mello (PTB-AL) termina no início do ano que vem. Os mandatos dos demais vão até 2027. Portanto, se perderem a eleição, poderão continuar no Senado normalmente, sem maiores prejuízos à carreira política. Nem todos estão em exercício hoje, pois alguns optaram por se licenciar para se dedicarem mais às campanhas.
São os senadores candidatos aos respectivos governos estaduais: Alessandro Vieira (PSDB-SE), Carlos Viana (PL-MG), Eduardo Braga (MDB-AM), Esperidião Amin (PP-SC), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Izalci Lucas (PSDB-DF), Jorginho Mello (PL-SC), Leila Barros (PDT-DF), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Marcio Bittar (União Brasil-AC), Marcos Rogério (PL-RO), Rodrigo Cunha (União Brasil-AL), Rogério Carvalho (PT-SE), Sérgio Petecão (PSD-AC), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Weverton Rocha (PDT-MA) e Zequinha Marinho (PL-PA).
A maioria não aparece bem colocada nas pesquisas eleitorais, muito menos isolada em primeiro lugar. Os atuais governadores que buscam a reeleição têm aparecido na dianteira com mais facilidade, apontam as pesquisas Ipec.
Segundo as últimas pesquisas Ipec, consideradas as possibilidades de empate técnico por causa das margens de erro, os senadores estão assim em seus estados:
- Alessandro Vieira: 4º, 5º, 6º, 7º ou 8º lugar, com 6%.
- Carlos Viana: 3º, 4º, 5º, 6º, 7º ou 8º lugar, com 4%.
- Eduardo Braga: 3º lugar, com 17%.
- Esperidião Amin: 1º, 2º, 3º ou 4º lugar, com 15%.
- Fernando Collor de Mello: 2º ou 3º lugar, com 20%.
- Izalci Lucas: 4º, 5º, 6º ou 7º lugar, com 5%.
- Jorginho Mello: 1º, 2º, 3º ou 4º lugar, com 20%.
- Leila Barros: 3º, 4º ou 5º lugar, com 9%.
- Luis Carlos Heinze: 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º ou 10º lugar, com 4%.
- Marcio Bittar: 3º, 4º, 5º, 6º ou 7º lugar, com 3%.
- Marcos Rogério: 2º lugar, com 27%.
- Rodrigo Cunha: 2º ou 3º lugar, com 20%.
- Rogério Carvalho: 2º ou 3º lugar, com 20%.
- Sérgio Petecão: 3º, 4º, 5º, 6º ou 7º lugar, com 5%.
- Styvenson Valentim: 2º lugar, com 20%.
- Veneziano Vital do Rêgo: 2º, 3º ou 4º lugar, com 15%.
- Weverton Rocha: 2º ou 3º lugar, com 20%.
- Zequinha Marinho: 2º lugar, com 13%.
Todas as pesquisas consideradas foram divulgadas em setembro.
As seguintes pesquisas têm margens de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%: BR-07770/2022; AL-01435/2022; SC‐07903/2022; MA-04923/2022; AM-01902/2022; BR-08498/2022; RN-05706/2022; RS-04310/2022; BR-00155/2022; RO‐00204/2022; BR-03015/2022; BR- 00708/2022.
A seguinte pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, também com nível de confiança de 95%: MG-03406/2022.
Dados técnicos das pesquisas Ipec
Pesquisa Ipec de intenção de votos no Ceará: a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Foram ouvidas 1,2 mil pessoas entre 19 e 21 de setembro em 56 municípios do Ceará. Foi registrada no TSE sob o número BR-02694/2022.
Pesquisa Ipec anterior no Ceará, divulgada em 9 de setembro: a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Foram ouvidas 1,2 mil pessoas entre 6 e 8 de setembro em 56 municípios do estado. Foi registrada no TSE sob o número BR-06797/2022.
Pesquisa Ipec de intenção de votos no Piauí: a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Foram ouvidas 800 pessoas entre 9 e 11 de setembro em 38 municípios do Piauí. Foi registrada no TSE sob o número BR-02457-2022.
Pesquisa Ipec de intenção de votos no Maranhão: a pesquisa ouviu, presencialmente, 800 pessoas entre 17 a 19 de setembro e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança é 95%. Foi registrada no TSE sob o protocolo MA-04923/2022.
Pesquisa Ipec de intenção de votos à vaga em Alagoas: foram ouvidas 800 pessoas entre 16 a 18 de setembro em 35 municípios de Alagoas. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança é 95%. Foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número AL-01435/2022.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.