Ex-governador do DF Agnelo Queiroz é alvo de operação contra corrupção na saúde
Investigação identificou suspeitas de irregularidades em contrato de R$ 4,6 milhões; Agnelo foi conduzido pela polícia após uma arma ser encontrada em sua casa
O Ministério Público do Distrito Federal realizou uma operação nesta quinta-feira (23) para o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão contra a prática de de corrupção na compra de leitos hospitalares.
Entre os alvos estão o ex-governador do DF Agnelo Queiroz, do PT, e o ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa. Agnelo foi conduzido para a polícia do DF depois de ser encontrada uma arma em sua residência.
A operação Alto Escalão é conduzida por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Segundo as investigações, foram identificadas suspeitas de irregularidades em um contrato no valor de R$ 4,6 milhões, envolvendo o proprietário de uma empresa contratada, que teria pago propina de 10% desse montante a pessoas que agitam em nome de Agnelo e Rafael Barbosa.
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Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Brasília, após informações fornecidas em uma delação premiada, que sugeriu a existência de um contrato fictício de publicidade, assinado entre a secretaria de Saúde e o Instituto Brasília para o Bem Estar do Servidor Público (IBESP), administrado por Luiz Carlos do Carmo, que também é investigado. A empresa teria sido contratada pela secretaria após o pagamento da propina.
A operação Alto Escalão é um desdobramento da operação Checkout, também conduzida pelo Gaeco, que resultou na denúncia contra servidores da pasta da Saúde, lotados Gerência de Hotelaria, por recebimento de vantagens como passagens aéreas e pacotes de viagem em troca de favorecimento à empresa vencedora.
O pagamento de propina também teria beneficiado o ex-governador Agnelo e o ex-secretário Rafael Barbosa. Por isso, a operação ganhou o nome de Alto Escalão.
Também são alvos da operação desta quinta-feira Daniel Verás, Fabrício Carone, Ronaldo Pena Costa Júnior, Luiz Carlos do Carmo, João Kennedy Braga, Rafael de Aguiar Barbosa, Wilhas Gomes da Silva, Mara Lucia Montandon Borges, Adriana Aparecida Zanini, Adalgiza Medeiros Teodoro e Clube Coat Eventos Ltda. A operação tem o apoio de agentes da Polícia Civil do Distrito Federal.
Outro lado
O advogado de Rafael Barbosa, Kleber Lacerda, afirma que não teve acesso à decisão que autorizou a busca e apreensão proferido pela Justiça, tendo recebido apenas cópia do mandado cumprido pelo oficial.
Segundo a defesa, a investigação apura contrato celebrado em novembro de 2014 e assinado por Marília Coelho Cunha, sete meses após a saída de Barbosa da Secretaria de Saúde. “Assim, fica evidenciada a ilegalidade da decisão que será atacada judicialmente”, disse Lacerda.
A defesa de Adriana Aparecida Zanini disse repudiar “quaisquer acusações, insinuações ou ilações sobre seu suposto envolvimento com o Instituto Brasília para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP).”
“Adriana Aparecida Zanini nunca fez parte do quadro societário ou integrou a direção desta entidade, a qual até o dia de hoje desconhecia a existência. Este e todos os demais esclarecimentos necessários serão prestados ao juízo competente, como, por exemplo, o fato de que os recursos encontrados em poder da nossa cliente, tem origem lícita, podendo ser rápida e facilmente comprovada”, disse o advogado André Gerheim.
(Com informações de Gabrielle Varela, da CNN em Brasília)