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    Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e ex-chefe da Receita serão ouvidos pela PF 

    Os dois já prestaram depoimento no caso que investiga a entrada ilegal de joias no Brasil, mas a PF viu necessidade de nova oitiva, que acontecerá nesta quarta-feira (03)

    Elijonas Maiada CNN

    A Polícia Federal (PF) deve ouvir o coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e Júlio César Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal, nesta quarta-feira (3). Os novos depoimentos são para o inquérito que apura o caso das joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita.

    A oitiva está marcada para 9h e será por videoconferência. Cid e Vieira Gomes já tinham sido ouvidos em 5 de abril, assim como outros oito envolvidos no caso, como o ex-presidente Bolsonaro, mas a PF viu necessidade de ouvi-los novamente para dar continuidade à apuração.

    À PF, no depoimento anterior, Cid declarou que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo “normal” e “corriqueiro” na Ajudância de Ordens da Presidência.

    Segundo fontes a par da investigação ouvidas pela CNN, o militar afirmou, ainda, que Bolsonaro teria pedido a ele para “verificar” a situação das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões apreendidas na alfândega e incorporar ao acervo da Presidência.

    De acordo com essas fontes, o militar, homem de confiança do então presidente, não dava um passo ou tomava um copo d’água sem a anuência de Bolsonaro. Logo, o ex-presidente teria conhecimento que a situação estava sendo verificada por seus subordinados.

    Depoimentos

    Na oitiva de Jair Bolsonaro, o ex-presidente disse que teria tomado conhecimento dos presentes um ano após o recebimento por Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, e a retenção de um dos pacotes pela Receita Federal.

    Além disso, teria acionado o ajudante de ordens coronel Cid para que buscasse informações sobre o caso — o que teria sido sua “única ordem” sobre o assunto. Também ressaltou que ligou para o então chefe da Receita para que ele estabelecesse contato com Cid, “salvo engano”.

    Ainda assim, Cid não teria repassado informações, fazendo com que Bolsonaro desse o assunto como encerrado.

    O ex-presidente Jair Bolsonaro / 3/02/2023 REUTERS/Marco Bello/File Photo

    O secretário da Receita teria explicado, então, próximo do fim do mandato de Bolsonaro, que, se depois de 30 ou 90 dias ninguém reclama sobre algum bem retido na Receita Federal, ele entra em processo de “perdimento”, ou seja, pode ser leiloado.

    Assim, a PF ouviu do ex-presidente que a tentativa de recuperar as joias da alfândega antes de sua viagem aos EUA tinha como objetivo não deixar qualquer pendência para o próximo governo e “evitar um vexame diplomático”.

    Coronel Cid foi o responsável pelo envio de um ofício à Receita Federal, em 28 de dezembro, determinando a “incorporação de bens apreendidos”. Foi esse o documento apresentado pelo ajudante de ordens da Presidência Jairo Moreira da Silva para um auditor fiscal na alfândega, sem sucesso.

    A Receita reteve as joias em 26 de outubro de 2021, quando uma comitiva do governo desembarcou em Guarulhos. Os itens preciosos estavam na bagagem de um assessor do então ministro de Minas e Energia, que foi escalado pela Presidência para representar o governo em viagem ao país saudita.

     

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