Boris Casoy: Ética e moralmente condenável
Golpe de Estado é uma discussão que não cabe e ultrapassa qualquer limite do comportamento político
Um país sob o domínio da democracia, com uma Constituição em pleno vigor e eleições marcadas para daqui a poucos dias, não pode estar passando por um período como o que atravessa hoje o Brasil. Em meio a uma retórica aparentemente ameaçadora do presidente da República, a sociedade civil se mobiliza no sentido de condenar a ameaça de um golpe de Estado.
Desde o fim da ditadura civil-militar instituída em 1964 não vivíamos um episódio desse naipe, agravado por boatos de todos os matizes. Positivamente, o quadro é, no mínimo, surrealista, beirando manifestação de caráter psiquiátrico.
Golpe de Estado é uma discussão que não cabe. Ultrapassa qualquer limite do comportamento político num país cuja vocação para a verdadeira liberdade está mais que comprovada.
Além disso, é ética e moralmente condenável que energias sejam gastas em temas desse tipo, quando milhares de brasileiros passam por momentos gravíssimos de suas vidas, com a fome batendo às portas de suas famílias. Aliás, como falar em democracia e liberdade a quem faltam alimento e trabalho?
A encruzilhada é perigosa quando se percebe o esgarçamento do tecido social.
Cabe ao presidente da República e seus auxiliares, mais que uma palavra, mas sim uma ação determinante que desanuvie os horizontes do país. Não há como colocar em dúvida a lisura das eleições a poucos dias do pleito.
A sociedade está aflita, mas move-se positivamente quando as liberdades são ameaçadas e o país vive uma crise de gestão, agravada pela perspectiva de que os primeiros colocados nas pesquisas eleitorais não oferecem soluções, olham para o passado, e os ventos do exterior sopram contra.
Não há outro caminho senão a democracia, amparada no império das leis e na justiça social. Soluções de força já mostraram que não funcionam, pelo contrário, conduzem as sociedades às trevas. Aí estão, como exemplo, Cuba, Nicarágua e Venezuela, sem perspectivas e presas, sem caminhos e escravizando suas populações. É bom lembrar aos governantes que a história está à espreita e não perdoa.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião da CNN Brasil.