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    “Essa procuradoria passou a ser literalmente sabotada”, diz Aras em vídeo

    Declaração está em vídeo divulgado hoje pelo procurador-geral, com trechos de entrevistas concedidas a jornalistas nos meses de julho e agosto

    Leonardo Ribbeiroda CNN

    O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou em vídeo publicado nesta sexta-feira (02), no canal que mantém na internet, que “essa procuradoria passou a ser literalmente sabotada”. Segundo Aras, denúncias baseadas em notícias de jornais “previamente plantadas” ou feitas por “autores falsos” estariam atrapalhando o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR).

    A divulgação do vídeo acontece num momento em que os gabinetes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Aras entram em choque. O episódio mais recente foi no dia 23 de agosto e envolve a operação da Polícia Federal autorizada por Moraes contra empresários que teriam defendido golpe, em um grupo de WhatsApp, em caso de derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Segundo nota da PGR, os mandados foram cumpridos sem a manifestação de Aras.

    Embora as declarações feitas por Aras tenham acontecido antes, o vídeo foi divulgado pelo procurador somente nesta sexta (02). As falas, segundo informado na publicação, foram dadas em entrevista à imprensa estrangeira no início de julho. O vídeo também traz trechos de outros dois encontros, em agosto com jornalistas de Minas Gerais.

    “Cada representação que chega a essa instituição é levada a análise de um servidor, que faz uma triagem acerca da idoneidade da autoria, do conteúdo, das provas. Ela depois é levada a um procurador da República e finalmente é levada à PGR. Tudo isso é perda de tempo, perda de dinheiro público. Faz parte de uma estratégia para impedir que o procurador continue investigando as verdadeiras organizações criminosas que tem nesse país”, acusou Augusto Aras.

    No conteúdo divulgado, o procurador-geral também comparou a gestão dele à frente da PGR em relação a antecessores. De acordo com ele, teriam sido produzidas mais investigações e acusações nos últimos três anos do que nos dez anos anteriores. “Produzimos aqui 400 investigações, denúncias, prisões, afastamentos de autoridades e pessoas com prerrogativa de foro no Supremo e no STJ”, explicou.

    Em seguida, o vídeo é cortado para um trecho em que Aras faz uma defesa da forma que tem trabalhado: “Não atuamos com escandalização dessas operações, de processos, porque enquanto nós investigamos, temos um dever ético de não fazer condenações açodadas, temerárias”.

    Há dez dias, o procurador-geral demonstrou insatisfação com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a Polícia Federal a fazer busca e apreensão em endereços de empresários que defendem o governo de Jair Bolsonaro (PL).

    Na ocasião, Augusto Aras alegou que não foi informado da operação. Mas o incômodo maior estaria no fato da ação ter sido autorizada com base em notícias publicadas pela imprensa, sem amparo do Ministério Público, conforme ficou claro esta semana quando documentos da investigação se tornaram públicos.

    Numa aparente insinuação de resposta a situações como essa, o vídeo divulgado hoje traz no final um trecho em que Augusto Aras reclama da atuação de alguns ministros do STF.

    “Muitos ministros do Supremo usam a norma regimental para arquivar liminarmente o ato. E outros ministros, em minoria, preferem dar a essas representações um tratamento procedimental, mandando para a procuradoria; a procuradoria analisa, devolve. Mas tudo isso faz parte de um uso do sistema de justiça para fins políticos. E está na hora de apurarmos os abusos”, concluiu.

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