Esposa de Mauro Cid admite à PF que usou certificado de vacinação falso
Gabriela Santiago Cid confirmou que seu marido estava envolvido no esquema de fraude de cartões de vacina contra a Covid-19
A esposa de Mauro Cid, Gabriela Santiago Cid, admitiu em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (19) que utilizou um certificado de vacinação falsificado feito pelo seu marido. As informações são de Renata Agostini, analista de política da CNN.
Ela disse ter conhecimento do esquema de fraude dos cartões de vacinação e que fez uso de um deles por não ser vacinada contra a Covid-19.
As investigações da polícia apontam que ela utilizou a documentação falsa para realizar ao menos três viagens aos Estados Unidos.
Gabriela Cid deixou a sede da PF em Brasília por volta das 17h10, tendo prestado esclarecimentos à corporação por quase três horas.
Na quinta-feira (18), Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ficou em silêncio diante das perguntas da PF, sob a justificativa de que sua defesa não havia tido acesso ao resultado da perícia dos celulares apreendidos na operação da PF antes do depoimento.
Ele está preso preventivamente desde o dia 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília.
A Polícia Federal tem evidências que apontam que Cid estava envolvido em um esquema de inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Os cartões de vacinação dele, de sua esposa e de sua família teriam sido fraudados, assim como o cartão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua filha com Michelle Bolsonaro.
Mensagens extraídas do celular do ex-ajudante pela Polícia Federal revelam conversas dele com a esposa em que eles colocam em dúvida os imunizantes. Diversos especialistas já atestaram a segurança e eficácia das vacinas utilizadas contra a Covid-19.
O silêncio de Mauro Cid
A justificativa dada pelo tenente-coronel ao ficar em silêncio foi a falta de acesso à perícia dos celulares apreendidos no início deste mês pela PF. Além do celular de Mauro Cid, também foram apreendidos os celulares de outros presos na operação, como de Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, ex-assessores de Bolsonaro, e do aliado do ex-presidente e ex-major do Exército Ailton Barros.
Segundo informações da analista de política da CNN Renata Agostini, a perícia no celular de Mauro Cid terminou na quarta-feira (17) e não foi incluída nos autos do processo, de forma que a defesa do militar não teve acesso e tempo hábil para analisar o que foi encontrado antes que o militar pudesse se pronunciar.
Além do suposto esquema de fraude em dados de vacinação contra Covid, Cid também poderia ser questionado pela PF sobre outros assuntos encontrados na perícia de seu celular e dos aparelhos de outros assessores de Jair Bolsonaro que também foram apreendidos.
A CNN revelou, por exemplo, que Barros manteve troca de mensagens e áudios com Mauro Cid e com o ex-número dois do Ministério da Saúde e ex-assessor da Casa Civil, coronel Elcio Franco, sobre um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Apesar do silêncio no depoimento de quinta, a defesa de Cid não descartou prestar depoimento à PF posteriormente.
Aliados de Bolsonaro minimizaram a opção de Mauro Cid de permanecer em silêncio em depoimento. Segundo fontes ligadas à defesa, o movimento foi “tecnicamente perfeito”, já que a perícia no telefone do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro terminou somente um dia antes.
Operação Venire
A Polícia Federal prendeu Mauro Cid no dia 3 de maio, em Brasília. Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. O secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva.
O celular do ex-presidente foi apreendido.
As ações fazem parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
A CNN apurou que a cidade de Duque de Caxias se envolve na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, houve um registro de que o ex-presidente teria se imunizado contra a Covid-19 no local, e a investigação apontou que era um dado adulterado.