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    “Era nítido que a questão era com o Lula”, diz delator da Lava Jato em filme

    Entrevista de Alexandrino Alencar foi concedida para o documentário “Amigo Secreto”, da diretora Maria Augusta Ramos, que estreia dia 16 de junho

    Raquel Landim

    Um dos principais delatores do grupo Odebrecht, Alexandrino Alencar, admitiu em uma entrevista gravada que foi pressionado pelos procuradores da Lava Jato a incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    A entrevista foi concedida para o documentário “Amigo Secreto”, da diretora Maria Augusta Ramos, que estreia dia 16 de junho, e revelada pela “Folha de S. Paulo”. A CNN obteve o vídeo desse trecho.

    “Você não falou o suficiente, vai e volta, se não, não aceitamos o teu acordo. Era muita pressão para cima da gente!”, disse Alexandrino. “Era nítido que era uma questão com o Lula, que ele queria saber: o irmão do Lula… o filho do Lula… não sei o que do Lula… as palestras do Lula”.

    Segundo Maria Augusta, Alexandrino foi o único dos delatores que aceitou gravar entrevista, embora a reclamação sobre supostos abusos da Lava Jato sejam comuns entre eles. “Eles têm medo de represálias”, diz a diretora.

    Alexandrino foi diretor de relações institucionais da Odebrecht, responsável pela relação da empreiteira com os políticos. Sua delação tornou-se fundamental para o caso conhecido como sítio de Atibaia, em que a Odebrecht revela que reformou um sítio no interior de São Paulo, que seria utilizado pelo ex-presidente e sua família. Lula nega que seja dono do imóvel.

    O filme acompanha a apuração feita pelos jornalistas Leandro Demori, então no Intercept Brasil, e Carla Jiménez, Regiane Oliveira e Marina Rossi, do El País Brasil, sobre o que ficou conhecido como Vaza Jato, quando vieram a público mensagens entre os procuradores e o juiz Sérgio Moro.

    A Operação Lava Jato revelou esquemas de corrupção entre as principais empreiteiras do país, a Petrobras, e os governos do PT. O filme “Amigo Secreto”, batizado com o nome de um grupo de WhatsApp dos procuradores, chega aos cinemas quatro meses antes das eleições presidenciais.

    Procurado pela CNN o ex-procurador e coordenador da lava jato, Deltan Dallagnol não se pronunciou.

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