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    Empresário relata caixinha de R$ 50 milhões em propina no governo Witzel

    A afirmação foi feita pelo empresário Edson Torres em depoimento ao Tribunal Misto que julga o processo de impeachment do governador afastado

    O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
    O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil (29.nov.2018)

    Pauline Almeida e Isabelle Saleme, da CNN, no Rio de Janeiro

    A caixinha de propina do governo de Wilson Witzel teria arrecadado entre R$ 50 milhões e R$ 55 milhões. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (13) pelo empresário Edson Torres, em depoimento ao Tribunal Misto que julga o processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro. A testemunha é apontada como operadora financeira do esquema e já confessou o suposto esquema de corrupção ao Ministério Público Federal.

    O dinheiro das propinas teria beneficiado Wilson Witzel, o ex-secretário de Estado da saúde Edmar Santos e o presidente do PSC, pastor Everaldo – apontado por Edson Torres como um amigo há mais de 20 anos. A defesa do pastor nega.

    As vantagens indevidas a Edmar Santos teriam começado quando ele era ainda diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Edmar ainda teria procurado Edson Torres para buscar um cargo no governo de Wilson Witzel e, com a indicação, tornou-se secretário de Estado da Saúde.

    Durante o depoimento, que aconteceu por videoconferência, o empresário Edson Torres afirmou que Wilson Witzel recebeu quase um R$ 1 milhão de um grupo de empresários quando ainda era juiz federal, para que ficasse garantido financeiramente caso ele perdesse a corrida ao governo do Estado.

    Uma das parcelas desse fundo teria sido entregue ao secretário de Estado da Saúde Lucas Tristão. Outras a Pastor Everaldo, uma delas na presença de Wilson Witzel. A informação já havia sido passada ao Ministério Público Federal e deu base à segunda denúncia movida pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Witzel, a primeira-dama Helena e outras dez pessoas suspeitas de integrarem uma organização criminosa.

    Já sobre o esquema de arrecadação de propina entre 2019 e maio ou junho de 2020, já no governo do Rio de Janeiro, a divisão incluiria 15% para Edson Torres, 15% para outro empresário, 30% para Edmar Santos e 40% a Pastor Everaldo e a estrutura do governo. Segundo a testemunha, as propinas variam entre 3 e 6% dos contratos. Porém, ele não soube precisar o percentual que ficava especificamente com o governador afastado.

    Além de Edson Torres, será ouvido o ex-assessor especial de Witzel Valter Alencar Pires.

    O depoimento do governador afastado está suspenso por uma determinação do ministro Alexandre de Moraes e só poderá ser realizado após a defesa ter acesso a todos os documentos remetidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), também depois da oitiva do ex-secretário de saúde Edmar Santos.

    Durante a sessão ainda deve ser julgado um pedido de recurso da defesa de Witzel, que quer a retomada da contagem dos prazos. Se o prazo for retomado e a contagem chegar ao fim antes da conclusão do processo, Wilson Witzel será reconduzido ao cargo de governador do estado.

    O advogado de Edmar Santos, ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, disse que ele não vai se manifestar sobre as declarações de Edson Torres na oitiva, no Tribunal Especial Misto. Já a defesa do Pastor Everaldo afirma que ele jamais recebeu propina ou participou de qualquer grupo criminoso.

    “A defesa segue empenhada em esclarecer, na Justiça, que o Pastor Everaldo é alvo de delações covardes, mantém sua confiança na Justiça e reitera que sua prisão é desnecessária, pois sempre esteve à disposição das autoridades”, diz a nota.