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    Eleições 2022

    Empresário de transportes convoca protesto contra resultado das eleições

    Herdeiro de transportadora com mais de 170 veículos em operação, Emílio Dalçoquio Neto ajudou a convocar paralisação de caminhoneiros em 2018

    Marcos Guedesda CNN , em São Paulo

    Contrário ao resultado das eleições do último domingo (30), o empresário bolsonarista Emílio Dalçóquio Neto, de 57 anos, convocou protestos após o pleito que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidente.

    Neto falou com apoiadores que não entregará o país a “comunistas”. “Eu não aceito o comunismo! Eu vou morrer! Nós vamos morrer! Mas não vamos entregar a (palavrão) de comunista nenhum”, disse em vídeo.

    O empresário é herdeiro de uma transportadora de produtos químicos, que está em recuperação judicial desde 2019. Desde então, segundo a Receita Federal, o irmão dele, Augusto Dalçóquio Neto, figura como o único sócio-administrador da empresa.

    O empresário foi procurado pela CNN, mas não retornou os contatos. A empresa informou que as falas de Dalçoquio “não retratam os pensamentos e interesses da administração da empresa e que ele não ocupa assento na administração da organização, razão pela qual, suas declarações são de cunho único e exclusivamente pessoal, não podendo ser associado a Transportes Dalçoquio nessas aventuras retóricas.”

    A Dalçóquio Transportes foi fundada em 1968 em Itajaí, Santa Catarina, e atua em todo país como empresa responsável de transporte rodoviário de carga de produtos químicos e combustíveis. A transportadora diz ter 174 veículos em operação.

    Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), Dalçóquio costuma postar fotos ao lado do presidente nas redes sociais. Ele também compartilha mensagens de apoio a medidas de Bolsonaro, além de criticar o que ele chama de comunismo.

    Em uma das postagens, Dalçóquio exalta o ditador chileno Augusto Pinochet, morto em 2006. A conversa simulada entre ele e outro empresário é de outubro de 2019. Na ilustração, ele diz: “Viva Pinochet! Viva Pinochet! Caiu o muro de Berlim”.

    Dalçóquio exalta o ditador chileno Augusto Pinochet, morto em 2006 / Reprodução

    Em maio de 2018, uma grande greve de caminhoneiros paralisou o país por dez dias. Na época, Dalçóquio teve participação ativa nas redes sociais convocando as ações que criticavam a alta do diesel.

    Na nova empreitada, em que estimula, nos últimos dias, caminhoneiros a iniciarem as paralisações em movimentos que já causam transtornos ao país, o empresário avisou que por enquanto os protestos serão pacíficos, mas reiterou que não aceitaria o “comunismo”.

    “Por enquanto, pacificamente. Por enquanto. Agora vai ficar no coração de cada um aceitar o Brasil ser comunista, ou não. Eu não aceito”, reforçou.

    Presidente Jair Bolsonaro aparece em foto ao lado do empresário Emílio Dalçóquio Neto / Reprodução

    Nas declarações, o ativista ordena que as mensagens dele ecoem pelo país e que esse seria o dever de cada um que estava ali presente.

    “O que eu estou falando aqui tem de reverberar para o Brasil inteiro, como somos aqui 380 grupos. Do Rio Grande, do Acre, Belém e Uruguaiana. Cada um agora vai ter de fazer a sua parte. Dever de casa para cada um”, ordenou.

    Bloqueios pelo país e ordem do STF

    A Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabiliza, até o início da tarde desta terça-feira (1º) mais de 260 pontos de manifestação em rodovias, sendo 42 pontos de concentração (sem obstrução do fluxo), 136 interdições (paralisação parcial) e 89 bloqueios (impedimento total da passagem de veículos). Até o começo da tarde de hoje foram desobstruídos 306 locais.

    O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, na madrugada de hoje (1º), a favor da determinação do ministro Alexandre de Moraes de desbloqueio das rodovias, que passaram a ser ocupadas por caminhoneiros após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições.

    Na noite de segunda-feira (31), o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes havia ordenado que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal — Silvinei Marques — seja multado em R$ 100.000 a partir desta terça, seja afastado do cargo e preso caso não adote, imediatamente, as medidas necessárias. E ainda que donos de caminhões usados em bloqueios sejam multados em R$ 100.000 por hora.

    O relator acolheu um pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), apresentado na segunda (30).

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