Embaixada de Israel no Brasil critica resolução do PT sobre guerra; partido rebate
Na segunda-feira (16), diretório nacional da sigla divulgou uma resolução sobre o conflito; documento desagradou à Embaixada de Israel
A Embaixada de Israel no Brasil divulgou uma nota, nesta terça-feira (17), criticando a resolução do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) que equipara os ataques do grupo radical islâmico Hamas à reação do Estado de Israel.
“É muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos”, diz a nota.
Na segunda-feira (16), o diretório nacional da sigla divulgou uma resolução sobre o conflito.
Vídeo — Condenar Israel em resolução afeta imagem do PT?
“Condenamos os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, diz a resolução aprovada pela coordenação nacional do PT.
O documento desagradou à Embaixada de Israel. “Qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação”, diz a resposta publicada pelo órgão nesta terça.
“Deve ser feita uma forte separação entre a organização terrorista Hamas e os palestinos.”
Há resistência no governo e no PT de classificar o Hamas como grupo terrorista. A justificativa é que o Brasil segue o que é determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que não classifica o Hamas como grupo terrorista.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chamou os ataques na Faixa de Gaza de terroristas, mas tem evitado citar nominalmente o Hamas.
PT critica interpretação de embaixada
Também em nota, o PT chamou de “totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a resolução” do partido.
“O Diretório Nacional condenou, sim, “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel. E advertiu que a retaliação do governo de Israel configura um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra, como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil”, diz a nota do PT.
Na nota, assinada pela presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o secretário de relações internacionais petista, Romênio Pereira, o PT afirma que o comunicado da embaixada israelense é “um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina”.
“Afirmar que o PT considera “o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima”, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo.”
(Publicado por Daniel Fernandes, com informações do Estadão Conteúdo)