Em vídeo, Marinha questiona “privilégios” e manda recado à equipe econômica
Produção comemorativa pelo Dia do Marinheiro é veiculada em meio a mudanças na carreira por corte de gasto
A Marinha do Brasil divulgou neste domingo (1⁰) um vídeo em que compara a carreira na Força à vida de cidadãos civis. Ao final de 1 minuto e 15 segundos, a peça se encerra com a frase: “Privilégios? Vem pra Marinha”.
O vídeo faz parte das comemorações dia do Marinheiro, celebrado em 13 de dezembro, e é divulgado em meio pacote de ajuste fiscal que mira as as Forças Armadas. A produção foi preparada para ser exibida neste domingo (1⁰) durante a a cerimônia de substituição do Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes.
O vídeo intercala imagens de integrantes da Marinha trabalhando em situações extremas com pessoas se divertindo em festas, em reuniões de família e em momentos de lazer.
A ideia é justamente mostrar que a carreira militar tem peculiaridades e privações que não podem ser comparadas aos profissionais civis.
As medidas fiscais para as Forças Armadas incluem, entre outras, o estabelecimento da idade mínima de 55 anos para passagem para a reserva.
Atualmente, os militares precisam cumprir 35 anos de tempo de serviço para ir para a reserva. Como antecipou a CNN na sexta-feira (29), a partir 2032 todos os militares terão que adotar a idade mínima.
Até lá, a regra de transição deve estabelecer que o militar pague um “pedágio” de 9% sobre o período que falta para completar o tempo de serviço. Ou seja, terão um período extra antes de deixarem a ativa.
Militares ficaram incomodados com as recentes declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao anunciar o pacote de corte de gastos.
“Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e necessárias”, disse Haddad em pronunciamento de rádio e TV na última quarta-feira (27).
Integrantes das Forças Armadas, sob reserva, criticam que as mudanças foram propostas sem levar em consideração as especificidades da carreira. Dizem ainda que técnicos da equipe econômica não entendem a dinâmica da carreira militar.
Neste sábado (30), em reunião no Palácio do Alvorada, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, os comandantes do Exército, general Tomás Paiva; da Marinha, almirante Marcos Olsen; e da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Marcelo Damasceno, explicaram justamente impacto da adoção da idade mínima para carreira militar.
O objetivo é evitar uma quebra muito grande no fluxo da carreira, afinal cada posto tem um tempo máximo de permanência.
A criação da idade mínima e a regra de transição deverá constar em projeto de lei a ser enviada pelo governo ao Congresso nos próximos dias. Porém, detalhes específicos para carreira deverão ser ajustados em legislação interna das Forças.