Em viagens de Lula, Alckmin adota estilo “Marco Maciel”
Nas ausências do presidente, o vice-presidente tem optado por discrição total: faz poucas agendas no gabinete presidencial, raramente conversa com a imprensa e apoia pautas do petista
Em quatro meses à frente da Presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já fez visitas a cinco países diferentes.
No período de ausência do petista no Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin adotou o mesmo estilo à frente do Palácio do Planalto: o de discrição total.
O presidente em exercício evitou os holofotes da imprensa, fez poucas agendas no gabinete presidencial e apoiou pautas do petista.
A postura de Alckmin vem sendo elogiada tanto por parlamentares governistas como oposicionistas, que o têm comparado ao ex-vice-presidente Marco Maciel.
Refratário a polêmicas, Maciel é até hoje citado como um exemplo de vice-presidente em um país que, em trinta anos, já teve dois processos de impeachment.
Em segundo na hierarquia presidencial, Maciel evitava dividir atenções com o então presidente Fernando Herinque Cardoso, atuando como articulador político apenas quando era demandado.
Neste início de terceiro mandato de Lula, Alckmin tem adotado estilo parecido. Nas viagens de Lula, evita dividir holofotes com o mandatário do Palácio do Planalto.
Nesta última viagem do petista à China, por exemplo, Alckmin cumpria, no máximo, três agendas diárias no gabinete presidencial.
Discreto, também evitou receber jornalistas no gabinete presidencial e ser fotografado sentado na cadeira do presidente.
Os raros registros foram feitos em encontros, promovidos com diplomatas estrangeiros, no sofá de reuniões do gabinete do petista.
As raras falas públicas feitas por Alckmin, em eventos nos quais representou Lula, foram na mesma linha das pautas defendidas pelo governo: aprovação da nova regra fiscal e críticas à elevada taxa de juros.
Antes de iniciar seu terceiro mandato, Lula costumava comparar a sua relação com Alckmin com a de Barack Obama e Joe Biden.
Biden era o primeiro a entrar para reuniões amplas e o último a sair, tendo ascendência sobre decisões do presidente.
Em cem dias de gestão, segundo a agenda oficial, Alckmin teve mais encontros com Lula do que, por exemplo, os ministros Flávio Dino (Justiça) e Jorge Messias (AGU).