Em carta a Lula, mulheres ianomamis pedem que garimpeiros sejam retirados de reserva indígena
Relatos de abuso e deterioração da água motivam apelo ao presidente eleito
Em carta entregue nesta segunda-feira (12), dia em que aconteceu a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mulheres yanomamis solicitaram a retirada de garimpeiros da Reserva Indígena Yanomami.
Localizada em território brasileiro e venezuelano, com uma área de 9665 mil hectares, a Terra Yanomami é a maior reserva indígena do país e vem sofrendo com atividades de garimpo e assassinatos recorrentes, de acordo com lideranças locais.
Na carta assinada por 38 mulheres ianomamis durante o 13º Encontro de Mulheres Yanomami, realizado entre 22 a 27 de Novembro na região da Missão Catrimani, em Roraima, elas relatam medo de sofrer abuso dos garimpeiros.
“Quando o garimpo está próximo, nós mulheres ficamos muito preocupadas e andamos com muito medo. Os garimpeiros assediam as meninas e outros querem pagar serviços maritais”.
O documento menciona ainda a preocupação com os impactos da atividade ilegal do garimpo no sustento das suas famílias. “Antigamente tinha água limpa, hoje está muito suja, os rios estão amarelos e já faz tempo que está assim. Nossas crianças já estão sofrendo os impactos do que está acontecendo agora. Lula, os olhos dos peixes estão mudando. Estamos com medo de comer peixes doentes. Estamos com medo de que nossas crianças fiquem deficientes”, diz.
A CNN já havia noticiado que crianças ianomamis estavam expelindo vermes pela boca pela falta de medicamentos para tratar verminoses. Na carta, problemas de saúde voltam a ser relatados.
“Muitos postos de saúde na Terra Indígena Yanomami estão fechados. Há milhares de Yanomami que estão sem nenhum atendimento à saúde. A Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI) não está funcionando bem, as crianças saem para o Hospital da Criança e quando voltam para CASAI ficam doentes novamente”.
As mulheres ianomamis solicitam ao novo governante que operações para retirar os garimpeiros e máquinas do território sejam realizadas e reforçam a necessidade de fiscalização do local pelos órgãos responsáveis.
*Sob supervisão de Leonardo Rodrigues