Eleitores se importam com honestidade e competência, mostra pesquisa
Construção de imagem terá forte peso na hora do voto, segundo levantamento XP/Ipespe
De acordo com a mais recente pesquisa XP/Ipespe, eleitores se importam com honestidade e competência. A construção de imagem dos candidatos terá forte peso na hora do eleitor decidir o voto, dizem especialistas.
O cenário nas pesquisas eleitorais segue estável com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas, para a criação deste cenário, os eleitores enxergam alguns atributos nos candidatos, como a honestidade e a competência.
Apesar de Lula e Bolsonaro serem tão conhecidos, a construção da imagem pessoal de cada um terá forte peso na decisão dos eleitores. Depende, dizem os especialistas, do que cada um conseguir parecer ser.
“A percepção que se tem dos candidatos não é necessariamente uma percepção concreta. Não se leva tanto em consideração aspectos racionais mais aspectos emotivos, subjetivos e patêmicos. A percepção, a imagem, é muito transitória. Um determinado discurso, determinado comportamento ou determinada participação, pode mudar completamente o cenário”, disse professor da USP Luiz Alberto de Farias.
A pesquisa Ipesp mostrou que, na opinião dos eleitores, honestidade, preocupação com as pessoas e competência são as características mais importantes para o próximo presidente da República.
Assim como na intenção de votos, Lula e Bolsonaro aparecem com os maiores percentuais. Com o ex-presidente liderando 7 dos 8 itens.
Em competência, Lula aparece na pesquisa com 43% e Bolsonaro com 31%, em preocupação com as pessoas o ex-presidente tem 45% contra 24% de Jair Bolsonaro. O atual presidente vence apenas no quesito pulso firme com 36% enquanto lula aparece com 33%.
“A própria relação dele com os militares, trazendo militares para o governo, a bandeira de campanha dele lá em 2018 de valores familiares, uma visão mais conservadora no comportamento, tudo isso passa esse tipo de imagem”, avalia o professor da ESPM Gabriel Rossi.
No quesito “honestidade” a diferença é de 5 pontos percentuais a favor do petista, mesmo com os adversários tentando associá-lo aos escândalos de corrupção que ocorreram durante as gestões petistas.
“O histórico do Lula, a própria trajetória dele, de trabalhador, de pessoa humilde, e também mesmo os oito anos dele na presidência levam a um certo tipo de memória. E se houve uma midiatização muito forte em relação a escândalos durante o governo dele, nos últimos tempos o discurso relativo a uma inocência, isso também faz com que as pessoas passem a enxergar a partir desse momento para a frente”, disse Luiz Alberto Farias, professor da USP.
Em cada época há uma busca por parte dos eleitores de uma figura diferente quando se trata do presidente da República. Na crise atual o que parece estar acontecendo é uma busca por uma figura quase paternal.
“Em momentos difíceis, de crise institucional, de incerteza econômica, as pessoas procuram uma figura de autoridade, que passa tranquilidade e também coloca comida na mesa”, acrescenta o professor.
Apesar dos pré-candidatos, que lideram as pesquisas, já serem bem conhecidos pelo público, na avaliação dos especialistas, ainda da tempo de Lula, Bolsonaro e todos os outros que vão entrar na disputa trabalharem a imagem pessoal. O grande desafio vai ser encontrar o equilíbrio.
“Pesquisa é um retrato do instante, não é nem do momento. Uma pesquisa feita com pequenas alterações pode ter resultados muito diferentes. Certamente as equipes de marketing dos dois candidatos estão absolutamente atentas. Você tem que jogar o seu próprio jogo e torcer para que o adversário cometa deslizes”, avaliou o professor.
