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    Eleições 2022

    Eleitorado mais velho prioriza economia; mais jovem, transportes

    Pardos mostram preocupação com desemprego, enquanto negros com pobreza e fome; já brancos focam em segurança

    Pauline Almeidada CNN , no Rio de Janeiro

    Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) mostra que os problemas sociais que mais impactam o eleitorado e suas preferências variam entre jovens e mais velhos e também entre brancos e negros.

    Os resultados foram obtidos por meio de grupos focais realizados em oito capitais do país: Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belém, São Paulo, Brasília, Fortaleza e Cuiabá.

    O trabalho do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (Lemep) do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) apontou que os mais velhos (acima de 30 anos) se mostram mais preocupados com economia, alto custo de vida, saúde e educação, enquanto os mais jovens (até 30 anos) concentram seu interesse em segurança pública e qualidade dos transportes.

    O coordenador da pesquisa, João Feres Júnior, aponta que o resultado indica a responsabilidade dos mais velhos com o sustento de uma casa e uma família. “Já os mais jovens, têm a ver com a vivência deles, de circular mais pela cidade, inclusive em horários e locais ermos, por isso, a preocupação com segurança e transporte”, avaliou.

    Se o interesse por informação política é registrado igualmente entre os grupos, o consumo das notícias varia. O eleitorado mais maduro tem o dobro da predileção por televisão, enquanto os mais jovens tendem à internet.

    Sobre informação e preferências políticas, mais jovens declararam duas vezes mais que só buscam esse tipo de dados na época da eleição e têm poucos detalhes sobre deputados. Já os mais velhos falam mais frequentemente em políticos admirados e tendem a seguir mais intensamente a indicação de amigos e parentes para o voto.

    A pesquisa foi realizada com eleitores negros, pardos e brancos, das classes C, D e E. Um dos focos também foi compreender a interação entre a cor da pele e as preferências políticas e eleitorais.

    Pardos criticaram mais a situação econômica brasileira do que pretos, com reclamações especialmente sobre desemprego e inflação. Já negros fizeram mais relatos ligados à pobreza e fome e ainda se mostraram mais sensíveis a problemas com saúde e educação. Brancos citaram menos a economia e mais segurança e transporte.

    Em relação à representação de negros na política, pretos mais velhos e jovens pardos se mostraram mais otimistas com avanços, enquanto brancos demonstraram desconhecimento e baixa sensibilidade sobre o tema, alguns com rejeição à ideia de que a cor da pele deveria influenciar o voto.

    “Quando você entra na questão racial, você percebe que a sub-representação dos negros é uma coisa que poucas pessoas pensam. Mas quando elas são expostas ao problema, a maioria concorda.” A notícia boa é que todo mundo quer igualdade. Mas a eleição que a gente vai passar agora se dá num contexto de crise econômica aguda. As pessoas estão pobres, muitas delas enfrentam a fome, estão preocupadas com questões muito concretas, de colocar comida na mesa. Isso faz com que o tema de uma pegada mais cultural fique em segundo plano”, avaliou o coordenador da pesquisa.

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