Eleitorado adolescente cresceu 134% no estado do Rio de Janeiro em quatro anos
Desde as últimas eleições presidenciais, número de jovens entre 16 e 17 anos com título de eleitor mais que dobrou nas cidades fluminenses
O número de eleitores adolescentes no Rio de Janeiro cresceu mais do que o dobro das últimas eleições presidenciais, em 2018, até os dias de hoje. Dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), apontam que, em quatro anos, a quantidade de jovens entre 16 e 17 anos com título de eleitor no estado passou de 52.743 pra 123.573. O número representa um avanço de 134% desta parcela do eleitorado.
Na capital, essa cota de eleitores aumentou de 16.299 para 46.944 no ano de 2022. O voto para pessoas desta idade é facultativo.
O juiz da Corregedoria do TRE-RJ, Rudi Baldi Loewenkron, chama a atenção para os motivos que explicam essa maior participação da juventude este ano. “A leitura que nós fazemos destes números é que já existia um sentimento latente deste segmento do eleitorado de querer participar do processo eleitoral. Cada segmento tem a sua agenda. E, com os jovens, isso não muda”, ressalta. “Se eles não participam dessa escolha dos políticos, os interesses deles acabam não sendo considerações na elaboração das políticas públicas”, avalia.
Loewenkron também relembra a intensa campanha pelo voto feita por famosos, como a cantora Anitta, no primeiro semestre do ano. Antes do prazo final para emissão do documento, encerrado em maio, celebridades usaram as redes sociais para incentivarem jovens de 16 e 17 anos a tirarem o título de eleitor e votarem pela primeira vez.
Para o juiz, a influência artística, somada à vontade de se envolver na escolha dos políticos, refletiu diretamente no crescimento das estatísticas entre os adolescentes. “Nós, da Justiça Eleitoral, acreditamos que os jovens, de certa forma, se conscientizaram da sua participação, mas não podemos deixar de falar que os chamados feitos pelos artistas, músicos e influenciadores digitais ajudaram muito nesse sentido, porque eles acabam tendo uma sintonia mais próxima dessa camada da sociedade.”, analisa.
Essa tendência de crescimento, em geral, também é registrada no restante do Brasil. Neste período, a quantidade de eleitores nesta faixa etária avançou em mais de 700 mil. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a quantidade de votantes passou de 1.400.236 para 2.114.946, desde a última vez que os brasileiros foram às urnas para escolher os cargos de presidente da República, senador, governador e deputados.
No Sudeste, região do país com a maior quantidade de cidadãos aptos a votarem, os adolescentes representam, atualmente, 1,01% do eleitorado. Ao todo, eles são 677.712 dentro do eleitorado dos quase 67 milhões. Nas eleições anteriores, eles representavam 0,5% do montante total.
Rudi Baldi Loewenkron destaca também os esforços da Justiça Eleitoral para atrair esse público às urnas eletrônicas. “Tanto o TSE quanto os TRE locais estão investindo muito, ao longo deste ano, em campanhas publicitárias, justamente, para fortalecer esse processo de conscientização política”, conclui.
O juiz defende que, apesar da pouca idade, há um amadurecimento da juventude brasileira frente às questões políticas. “Eu vejo a sociedade caminhando para uma boa direção. O aumento da participação, e a gente percebe isso pelos números, me dá segurança para afirmar que o eleitorado está entendendo a importância de participar da escolha dos gestores públicos. Isso impacta a vida de cada um e de todos”, conclui.