Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Eleição para presidência da Câmara trava avanço da pauta no Congresso

    Parlamentares retomam os trabalhos com o desafio de aprovar matérias importantes, mas disputas pelo comando da Câmara e do Senado podem afetar a pauta

    Sessão do Congresso, em Brasília
    Sessão do Congresso, em Brasília Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (11.mar.2020)

    Igor Gadelhada CNN

    Passadas as eleições municipais, o Congresso Nacional retomou os trabalhos nesta semana com o desafio de aprovar matérias importantes nas três semanas que sobram até o início do recesso parlamentar, que oficialmente começa em 22 de dezembro.

    A pauta a ser votada vai desde a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que fixa as bases para a elaboração do Orçamento da União, até propostas de ajuste fiscal nas contas públicas, extremamente afetadas pelos gastos extras com a pandemia da Covid-19.

    Leia também:
    Centrão governista intensifica ofensiva sobre oposição; Maia reage
    Bancada do PT na Câmara decide se posicionar contra reeleição de Maia
    Conexão CNN: Trava do STF e outros bastidores da reeleição na Câmara e no Senado

    O desafio, porém, será grande. Além do tempo curto, a eleição para as presidências da Câmara e do Senado, previstas para 1º de fevereiro do próximo ano, vem provocando fissuras e atritos entre partidos do Centrão e o atual comando do legislativo, travando a pauta.

    Líderes de siglas do Centrão ligadas ao Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se entendem sobre as prioridades. De um lado, Maia quer aprovar a PEC da reforma tributária na Casa ainda em dezembro.

    O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
    O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
    Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

    O Centrão “governista”, porém, não aceita e decidiu obstruir as votações no plenário. A avaliação de parlamentares desse grupo é de que a aprovação da reforma cacifaria Maia para se reeleger ou eleger um sucessor de seu agrado no comando da Câmara, em fevereiro.

    A obstrução é comandada pelo líder do Progressistas na Casa, deputado Arthur Lira (AL). O parlamentar alagoano é um dos principais pré-candidatos à sucessão de Maia e é considerado o nome favorito do presidente Jair Bolsonaro na disputa.

    A disputa entre Maia e Lira já travou a instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Os dois grupos queriam o comando do colegiado. A falta de consenso obrigou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a pautar a LDO diretamente no plenário do Congresso.

    Alcolumbre marcou a votação para 16 de dezembro. Sem a votação da proposta, o governo corre o risco de não poder executar o Orçamento da União em 2021. O Orçamento do próximo ano de fato, aliás, só deve ser votado pelo Congresso em fevereiro de 2021.

    Leia também:
    LDO é a pauta mais importante para ser votada neste ano, diz líder do governo
    Ala do Supremo defende trava para Maia em proposta de reeleição para o Congresso
    Waack: nas mãos de quem estão algumas das questões importantes para o país?

    Em meio a essa disputa, o governo propôs avançar nas chamadas microrreformas, como a autonomia do Banco Central – já aprovada pelo Senado – e o projeto de incentivo à cabotagem, navegação entre portos pela costa brasileira.

    O presidente da Câmara até enxerga algumas dessas pautas com bons olhos, mas avalia que não são prioridade. Maia propôs um acordo: aceitaria pautar essas propostas, desde que governo trabalhasse pela aprovação da reforma tributária em dezembro. O Planalto não topou.

    PEC Emergencial
    Diante desse imbróglio político, a tendência é aprovar apenas a LDO. Há uma articulação para tentar votar a PEC emergencial. A proposta é considerada prioritária, pois prevê gatilhos para evitar furar o teto de gastos, regra que impede os gastos de crescerem acima da inflação.

    As outras pautas importantes ficam para depois de fevereiro de 2021, quando o Congresso retomará os trabalhos já com novos presidentes da Câmara e do Senado eleitos — ou velhos presidentes reeleitos. O próprio Planalto e a equipe econômica já estão cientes disso.

    O diagnóstico de ministros do governo é de que, para garantir a eleição de alguém mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro no comando da Câmara, vale a pena esperar para avançar nas reformas e propostas de ajuste fiscal somente no próximo ano.