Efeito prático de viagem à Hungria deve ser baixo, diz cientista político
Vicente Ferraro, mestre em Ciência Política, analisa que visita de Bolsonaro é sinalização à base eleitoral ideológica
De acordo com Vicente Ferraro, mestre em Ciência Política e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, o efeito prático da viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Hungria deve ser baixo, tanto no espectro eleitoral quanto econômico.
“Os efeitos práticos, tanto eleitorais quanto comerciais no longo prazo, são muito baixos. Se essa aproximação for motivada apenas por uma pressão ideológica, eu não acho que será muito duradoura”, afirmou Ferraro.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17), o cientista político analisou que a Rússia esteve entre os países que o Brasil mais importou produtos em 2021, mas que ainda há maior potencial de exportação dos produtos brasileiros para o país do Leste Europeu. Assim, “apesar do simbolismo ideológico, o encontro com Vladimir Putin teve um foco econômico”.
“Já a visita à Hungria é uma sinalização ideológica à base eleitoral mais fiel. É mais uma visita a Viktor Orban como uma figura política da ultra direita do que à Hungria em si”, disse o pesquisador.
Conforme explicou o Ferraro, Vladimir Putin, presidente da Rússia – país que Bolsonaro visitou antes da Hungria -, Viktor Orban, presidente húngaro, e Bolsonaro têm afinidades pessoais ideológicas.
“Os três líderes têm uma série de afinidades pessoais ideológicas, como conservadorismo, posições hostis ao liberalismo político, ao movimento LGBTQIA+, a outros movimentos sociais, certa posição militarista e uma associação a processos de erosão democrática”, disse.
Por fim, Vicente Ferraro analisou que ambos os encontros têm objetivo de mostrar que Bolsonaro não está isolado no cenário internacional, mas que, ainda que seja uma sinalização à base eleitoral ideológica no Brasil, também não deve ter efeitos expressivos neste espectro.
“A base mais ideológica é minoria e não há indicação de que a política externa tenha efeito eleitoral muito significativo no Brasil”, disse. “A Hungria também não está entre os nossos principais parceiros comerciais”, acrescentou.
Veja a entrevista completa no vídeo acima