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    Eleições 2022

    É muito difícil a 3ª via encontrar espaço efetivo, afirma especialista

    Diretor do Instituto Locomotiva avalia que disputa de legados e demora para definir candidatura atrapalham nomes alternativos a Bolsonaro e Lula

    Thiago FélixVinícius TadeuJoão Pedro Malarda CNN em São Paulo

    As pesquisas mais recentes de intenção de voto nas eleições de 2022 indicam que é “muito difícil” para uma candidatura da chamada terceira via, alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Lula (PT), encontrar um espaço efetivo, avalia Renato Meirelles, cientista político e diretor do Instituto Locomotiva.

    Em entrevista à CNN neste domingo (22), ele afirmou que “a gente tem visto há algum tempo é que uma eleição em que o presidente concorre com um ex-presidente, é muito difícil encontrar espaço efetivo para a terceira via”.

    A diferença para a eleição de 2018, segundo ele, é que agora os eleitores não buscam mais candidatos antissistema, mas sim profissionais. “Ao procurar profissionais, tendo um presidente concorrendo com um ex-presidente, passa a ocorrer uma disputa muito mais de legado, e isso deixa pouco espaço para a terceira via”.

    Outro fator que atrapalhou esse grupo, diz Meirelles, é a demora para chegar a um candidato consensual entre os partidos.

    “Essa terceira via já tentou ser trabalhada em vários momentos, vem lá atrás com Sergio Moro, Luciano Huck, o próprio Doria, agora Simone Tebet, Eduardo Leite, e nenhum desses nomes se consolida”.

    Para ele, o mais próximo atualmente de uma terceira via seria a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que já foi candidato à Presidência anteriormente e pontuou “relativamente bem”. O problema, porém, é que o candidato não faz parte das atuais articulações partidárias para lançamento da terceira via.

    “Hoje, a busca por um candidato de terceira via tem muito mais a ver com as vontades de partidos e do mercado do que com um anseio da população brasileira”, avalia.

    Meirelles lembra que o ex-presidente Lula mantém intenções de voto na faixa dos 42% a 44%, enquanto o crescimento do presidente Jair Bolsonaro, que “não foi exponencial”, o coloca na casa dos 32%.

    “Somando os 44% da média do Lula com os 32% do Bolsonaro, temos 76%. Sobra portanto 24%. Se nós somarmos brancos, nulos, indecisos e todos os candidatos da 3ª via dão 24%, não dão um Bolsonaro”, afirma.

    O cientista político considera que é possível que o quadro mude até a eleição, mas que os dados de voto espontâneo, quando os entrevistados indicam em que votariam sem receber previamente nomes, indica que o cenário está concentrado nas duas candidaturas.

    “Lula tem média de 36%, e Bolsonaro 27%. Nós temos aí, portanto, ainda um índice de votos espontâneos maior do que seria a soma de todas as outras candidaturas. Se no estimulado, mais amplo, todo o resto que se juntasse seria 24%, não dá a intenção de voto espontânea do presidente Bolsonaro, portanto não seria suficiente para ir para um segundo turno”.

    Mesmo assim, Meirelles avalia que tanto Lula quanto Bolsonaro estão próximos dos seus tetos de votação. Como as pessoas que rejeitam os dois candidatos somam 8%, não seria o suficiente para uma candidatura de terceira via, mas talvez leve a uma antecipação do segundo turno já no primeiro.

    “Tecnicamente, o que podemos ver em uma antecipação do segundo turno são essas candidaturas crescerem muito mais pela rejeição ao outro candidato do que pela aceitação ao candidato que recebe o voto. O eleitor tapa o nariz e vota no que considera ser o menos pior, esse é o teto. Chegaremos a isso no primeiro turno? Acho difícil”.