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    Divergência na base tensiona núcleo duro do governo e aliança da reeleição

    Insatisfação de parte da base aliada com ministra Flávia Arruda, do PL, acabou afetando sua relação com ministro Ciro Nogueira, do PP

    Caio Junqueirada CNN

    A insatisfação de parte da base aliada com a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, acabou afetando a relação dela com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e consequentemente a relação entre os dois principais partidos que sustentam o governo e que serão o eixo central da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o PP e o PL.

    Interlocutores de Arruda relataram à CNN que há uma constante tentativa do PP, partido que Ciro preside e que também é integrado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, de interferir na distribuição de recursos para a base aliada.

    A função, oficialmente, é da Secretaria de Governo, comandada por Arruda.

     

    Mas desde que Ciro assumiu a Casa Civil, houve um acordo tácito de que ele se dedicaria mais a atender as demandas do Senado, casa mais problemática ao governo e de onde ele é egresso — e Arruda, junto com o presidente da Câmara, Arthur Lira, cuidariam da Câmara.

    Aliados de Ciro relataram à CNN que Arruda fez uma distribuição de recursos em desacordo com o que seria ideal ao governo, pois teria equiparado parlamentares que não votaram com o Planalto com fiéis aliados.

    Caso do deputado Hugo Motta, do Republicanos, o primeiro a pedir publicamente a demissão da ministra.

    Apesar de não ser do PP, Motta é um dos parlamentares mais próximos de Ciro dentro do Congresso. E foi o relator na Câmara da principal proposta legislativa do governo neste ano, a PEC dos Precatórios.

    Nesse processo, aproximou-se de figuras centrais da ala independente do Legislativo, como Alexandre Silveira (PSD), na prática operador político do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pré-candidato a presidente da República.

    Silveira assumirá em fevereiro o Senado, pois é suplente de Antonio Anastasia, que irá para o TCU.

    Nesta semana, Arruda e Silveira foram até Minas Gerais em uma viagem oficial com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho.

    Valdemar na defesa

    Os ataques contra Arruda levaram o PL a operar uma reação, que resultou em um vídeo gravado ontem por Valdemar da Costa Neto em defesa de Arruda e um pedido dele ao presidente Jair Bolsonaro para que fizesse uma defesa pública da ministra.

    Na manhã desta quinta-feira (6), Bolsonaro e Ciro se reuniram e, segundo fontes, trataram do assunto. O presidente não pretende demitir Arruda, até porque ela deixa o cargo no final de março para poder se candidatar.

    Mas há um esforço no governo para tentar fazer com que os parlamentares insatisfeitos de alguma maneira sejam contemplados.

    Apesar da troca de acusações nos bastidores, as cúpulas dos dois partidos avaliam que o entrevero não tem força para desestruturar a base tampouco alterar os rumos da coligação de Bolsonaro à reeleição.

    O problema, portanto, ainda está na esfera da política institucional da relação entre Executivo e Legislativo e não passou para a esfera da política partidária.

    “Isso aconteceu em alguns ministérios. Agricultura, Desenvolvimento Regional, Cidadania e Saúde. Não é correto bombardear a ministra Flávia por isso. Todos nós tivemos problemas. Agora, se a gente pertence e dá apoio a um só governo não podemos, principalmente em um ano atípico de eleição, pregar a desunião”, disse à CNN o líder do PL na Câmara, Welington Fagundes.

    Para ele, o problema se deu porque muitos municípios que eram alvo das emendas não podiam recebê-las porque tiveram problema com o Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais. Sem poder receber os recursos, houve sobra de verbas e os próprios ministérios acabaram fazendo o remanejamento.

    Procurados, Ciro e Flávia não quiseram comentar.

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