Divergência do passado não é pretexto para deixar de apoiar Lula, diz Alckmin
Por vídeo, ex-governador de São Paulo discursou no evento de lançamento da pré-candidatura do petista
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) discursou, neste sábado (7), no evento de lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República nas eleições de 2022. Ele deverá compor a chapa com o petista, como candidato a vice-presidente.
Durante o evento, Alckmin afirmou que divergências do passado ou do presente não seriam pretexto para deixar de apoiar Lula no pleito deste ano.
“Nenhuma divergência do passado, nenhuma diferença do presente, nem as disputas de ontem nem as eventuais discordâncias de hoje ou de amanhã, nada servirá de razão para que eu deixe de apoiar e defender com toda a minha convicção a volta de Lula a presidência do Brasil”, disse.
Lula e Alckmin são antigos rivais e disputaram o segundo turno da eleição presidencial de 2006, período em que trocaram muitas críticas.
Alckmin se filiou em março deste ano ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que o indicou para compor a chapa com Lula. Segundo ele, o partido lhe deu “imprescindível respaldo, confiança e participação”.
Ao falar sobre a composição de chapa com o ex-presidente, Alckmin afirmou que “números diferentes, quando somados, não diminuem de valor, pelo contrário, elevam a sua grandeza”.
“Essa lógica aplica-se também à política. A democracia é marcada, sim, por disputas, e elas fazem parte do processo democrático, mas, acima das disputas, há algo mais urgente e relevante que se impõe: a defesa da própria democracia”.
Diagnosticado com Covid-19 na sexta-feira (6), Alckmin não pôde comparecer presencialmente ao lançamento da pré-candidatura, discursando de casa. Ele disse que não foi “pego desprevenido, graças às vacinas e ao nosso sistema público de saúde”.
“Quando o presidente Lula estendeu a mão, eu vi nesse gesto muito mais que um sinal de reconciliação entre dois adversários históricos. Vi um verdadeiro chamado à razão”, disse Alckmin.
O ex-governador disse ainda que “a própria missão determina a sua aliança”, citando a composição entre partidos em torno da candidatura de Lula.
“Serei um parceiro leal, seriamente compromissado com o seu propósito de fazer do Brasil um país socialmente mais justo, economicamente mais forte, ambientalmente mais responsável e internacionalmente mais respeitado, e para isso acontecer temos uma grande luta pela frente, uma luta pela mudança”, disse o político, agradecendo o ex-presidente pela composição da chapa, “mesmo que muitos discordem da sua opinião, de que Lula é um prato que cai bem com chuchu”, se referindo ao seu apelido de “picolé de chuchu”.
Ainda no discurso, Alckmin convocou outras forças políticas a se unir ao grupo de Lula nas eleições que, segundo ele, serão um “grande teste para a nossa democracia”.
“Sem Lula, não haverá alternância de poder na nossa democracia”, afirmou, se referindo ao ex-presidente como a “única via para a esperança da democracia brasileira”.
Ainda em seu discurso, Alckmin elencou uma série de promessas em setores como saúde, meio ambiente e economia.
“Prometemos ao Brasil um governo que não mais ignore o sofrimento do seu povo, diante de qualquer ameaça, seja as suas vidas, sua saúde, o seu bem-estar, e nós vamos, presidente Lula, cumprir isso. Prometemos jamais por em risco a segurança da biodiversidade, resguardar e valorizar a riqueza do nosso meio ambiente. Prometemos estimular o empreendedorismo, os investimentos, a produção e uma relação reciprocamente justa e vantajosa entre trabalhadores e empresários, e nós vamos mostrar que isso é possível de ser feito”, afirmou.
Antigos rivais na política
A aproximação entre Lula e Alckmin, que eram opositores, é recente. As conversas entre eles para a composição da chapa eleitoral começaram há alguns meses e envolveram a saída do ex-governador paulista do PSDB, partido onde ficou por 33 anos.
Os históricos adversários já trocaram fortes críticas no passado. Em um dos ataques ao PT quando era candidato à Presidência pelo PSDB em 2018, Alckmin disse: “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime.”
Lula e Alckmin se enfrentaram diretamente em debates na disputa eleitoral de 2006, quando o petista tentava se reeleger e Alckmin era o candidato tucano ao Planalto.
No debate promovido pela RecordTV naquele ano, Alckmin afirmou que o governo Lula tinha duas marcas, “parado na economia e acelerado nos escândalos”. Ele fazia referência ao Mensalão, escândalo de corrupção que explodiu no ano anterior, em que o governo Lula foi acusado de pagar congressistas em troca de votos.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.