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    Eleições 2022

    Disputa por apoios marcou campanha presidencial no segundo turno

    Entre adversários derrotados, governadores e ex-presidentes, Lula e Bolsonaro duelaram por apoios em busca da maioria dos votos no domingo

    Os candidatos à Presidência Lula e Bolsonaro
    Os candidatos à Presidência Lula e Bolsonaro Montagem/Ricardo Stuckert/Marcos Corrêa

    Leonardo Rodriguesda CNN

    Separados por cerca de seis milhões de votos no primeiro turno da disputa presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) começaram a se preparar para a segunda etapa do pleito assim que a apuração chegou ao fim, em 2 de outubro. A busca por novos apoios foi uma das principais estratégias das campanhas desde então.

    Entre governadores eleitos, ex-ministros, prefeitos de municípios e outras figuras influentes dentro e fora da política, o ex-presidente e o candidato à reeleição exploraram os novos integrantes de seus palanques em comícios, na televisão e nas redes sociais.

    A CNN fez um balanço das últimas quatro semanas de apoios alcançados por Lula e Bolsonaro para entender os movimentos dos presidenciáveis em direção ao segundo turno.

    Governadores e adversários derrotados

    Na terça-feira (4), dois dias após o primeiro turno, Jair Bolsonaro conquistou apoios importantes. Romeu Zema (Novo), governador reeleito de Minas Gerais, e Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo, que teve 18% dos votos na tentativa de reeleição, declararam publicamente que votariam no presidente.

    Assim, ele garantiu os apoios dos governadores dos maiores colégios eleitorais do país – Cláudio Castro (PL), reeleito pelo Rio de Janeiro, já estava com Bolsonaro no primeiro turno.

    Apoiador de Felipe D’Ávila (Novo) na primeira etapa do pleito, Zema teve mais de 6 milhões de votos em Minas Gerais. Bolsonaro, enquanto isso, teve 5,2 milhões no estado. O governador mineiro é uma das apostas do presidente para tentar “virar o jogo” no estado, onde Lula ficou à frente com 5,8 milhões.

    “A neutralidade de Zema no primeiro turno permitiu a Lula ganhar força entre seus eleitores. Sem dúvida, o apoio a Bolsonaro faz com que o governador possa atrapalhar Lula no segundo turno”, opina Renato Dorgan, cientista político e especialista em pesquisas qualitativas.

    Outros governadores reeleitos, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, que mantiveram-se neutros no primeiro turno, manifestaram apoio ao Presidente.

    Ainda na terça-feira após o primeiro turno, Lula recebeu o endosso do PDT de Ciro Gomes em pronunciamento oficial de Carlos Lupi, que preside a legenda. Horas depois, o próprio Gomes anunciou voto no petista em suas redes sociais, o que chamou de “última saída”. Quarto colocado na eleição presidencial, ele teve 3,04% dos votos válidos.

    Um dia depois, o ex-presidente incrementou a “resposta” aos movimentos de seu oponente com o voto de Simone Tebet (MDB), que recebeu 4,16% dos votos válidos para a Presidência da República. Ao contrário de Ciro Gomes, a senadora se engajou na disputa de Lula – com participações na propaganda eleitoral e nos atos de campanha.

    Também na quarta-feira (5), Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará, se encontrou com Lula, que agradeceu o apoio nas redes sociais. Barbalho, que esteve com Tebet no primeiro turno, teve mais de 70% dos votos no estado, contra 52,2% ao petista.

    Dorgan acredita que a chegada do paraense à campanha nacional seja importante, pelo fenômeno dos “votos cruzados” no primeiro turno. “Sem dúvida, há eleitores que votaram em Zema e Lula, como em Barbalho e Bolsonaro”, diz.

    Apesar disso, o cientista político avalia que nenhum governador tem “mais força” eleitoral do que os presidenciáveis deste ano.

    Disputa transborda acordos partidários

    Dos 32 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 21 têm lado no segundo turno presidencial. Além daqueles que já integravam as chapas federais desde o início da campanha, PDT, Cidadania, PCB, PSTU, PCO e Unidade Popular embarcaram no palanque de Lula. Do outro lado, PSC e PTB estão com Bolsonaro no segundo turno.

    Entre as agremiações neutras – que liberaram seus filiados para definir apoios –, MDB e PSDB têm lideranças históricas ao lado do petista, enquanto governadores reeleitos de PSD e Novo apoiam o atual presidente. União Brasil, Podemos e DC têm representantes nos dois polos.

    Senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União) declarou voto em Bolsonaro na terça-feira (4). Após deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em abril de 2020, e romper com o presidente, o ex-juiz chegou a acompanhá-lo no primeiro debate do segundo turno, no dia 16 de outubro.

    À CNN, Moro disse se preocupar “com as consequências de uma eleição de Lula, não só pela volta da corrupção”.

    Enquanto isso, tucanos históricos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e os senadores José Serra (São Paulo) e Tasso Jereissati (Ceará) declararam voto em Lula. Os dois primeiros chegaram a enfrentar o ex-presidente em pleitos passados.

    O ex-presidente José Sarney (MDB, 1985-1989) também se posicionou em favor do petista.

    Um dos últimos a se engajar na corrida, João Amoêdo (Novo), candidato a presidente em 2018, anunciou voto em Lula. “É ingênuo quem acredita que Bolsonaro não representa uma ameaça à democracia num eventual segundo mandato”, disse à CNN. Na última quinta-feira (27), o Novo decidiu suspender a filiação de Amoêdo após a manifestação.

    Enquanto a chegada de Moro atrai a discussão da corrupção para a campanha de Bolsonaro, FHC e Amoêdo mencionaram a “democracia” ao optar por voto em Lula. Para Renato Dorgan, as “pautas em discussão no segundo turno” podem exercer maior influência sobre o eleitorado do que, propriamente, os apoios.

    Além dos mandatos

    No início da terceira semana de campanha (17), Bolsonaro recebeu cantores sertanejos no Palácio do Alvorada, onde as manifestações de apoio foram registradas. Desde então, as falas têm sido exploradas diariamente na propaganda eleitoral do Presidente na televisão.

    Já os economistas Armínio Fraga, Pedro Malan, Edmar Bacha e Persio Arida, conhecidos como “pais do real”, fizeram uma declaração conjunta de voto em Lula. Presidente do Banco Central durante o governo FHC, Fraga chegou a participar de um jantar com empresários para angariar apoios ao petista.

    Antigo desafeto de Bolsonaro, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB) também foi recebido no Alvorada para anunciar voto em Bolsonaro. Na mesma ocasião, o ex-governador do Rio Grande do Norte, José Agripino Maia (União) também embarcou no palanque.

    “A verticalização de votos varia muito de lugar para lugar”, avalia Renato Dorgan. Com o objetivo de conquistar a maioria nas 27 unidades da federação, Lula e Bolsonaro têm na reta final da campanha suas últimas oportunidades de explorar a capacidade de transferência de votos de seus apoios.