Disputa acirrada pode cortar número de partidos na Câmara pela metade
Corrida eleitoral também impacta diretamente nos recursos de campanha e no tempo de propaganda
As eleições deste ano podem provocar uma redução do número atual de 23 partidos com representação na Câmara dos Deputados para entre 12 e 15 legendas. Essa é a avaliação do cientista político, Paulo Kramer, ouvido pela CNN, que entende que a tendência é o ‘enxugamento’ progressivo do número de siglas no Congresso.
Em período eleitoral, as atenções do público e da mídia estão voltadas para a disputa de cargos majoritários como presidente da República e de governadores. No entanto, os partidos políticos estão mais preocupados e de olho nas cadeiras da Câmara.
Para Kramer, a disputa entre essas legendas agora ficou mais acirrada com a proibição das coligações para eleger deputados federais e estaduais. “É cada partido por si”, disse ele.
O cientista político se refere a cláusula de desempenho, criada em 2017, que impôs ainda mais peso ao voto para a Câmara no financiamento. Os requisitos são progressivos e, para 2022, será necessário eleger o mínimo de onze deputados ou receber pelo menos 2% dos votos para a Câmara em pelo menos nove estados.
Uma grande bancada de deputados é importante pois influencia no financiamento dos partidos, a partir da distribuição dos recursos do fundo partidário, que é a principal fonte de renda das siglas. Esse divisão de valores depende dos votos dados a candidatos a deputado federal de cada legenda.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, as eleições de 2022 contam com 10.486 candidatos para as 513 cadeiras na Câmara. Em relação a 2018, o número é 18,98% maior, quando foram registradas 8.588 candidaturas.
“A eleição para a Câmara dos Deputados é extremamente decisiva para os partidos,” avalia o cientista político Nauê de Azevedo também ouvido pela reportagem sobre o peso dessa disputa. Ele explica que o número de votos recebidos em cada unidade da federação, em conjunto com o número de parlamentares que são eleitos e eleitas, corresponde a parcela relevante do cálculo de distribuição do fundo partidário.
Atualmente, as cinco maiores bancadas na Câmara são do PL, do PP, do PT, do União Brasil e do PSD. Confira abaixo:
- PL: 77
- PP: 58
- PT: 56
- União Brasil: 51
- PSD: 46
- Republicanos: 44
- MDB: 37
- PSB: 24
- PSDB: 22
- PDT: 19
- PSC: 8
- Podemos: 8
- PSOL: 8
- Novo: 8
- PCdoB 8
- Solidariedade: 8
- Cidadania: 7
- Avante: 6
- Patriota: 5
- Pros: 4
- PV: 4
- PTB: 3
- Rede: 2
As campanhas também terão mais recursos e mais tempo no horário eleitoral se o partido tiver uma boa composição na Casa.
No cálculo do TSE, as cinco legendas detentoras dos maiores valores e que, em conjunto, respondem por 46,88% dos recursos distribuídos. O montante destinado ao União Brasil chegou a R$ 776,5 milhões.
Já o PT tem R$ 499,6 milhões do fundo, enquanto o MDB possui R$ 360,3 milhões; o do Partido Social Democrático (PSD) é R$ 347,2 milhões; e o do Progressistas passou de soma R$ 342,4 milhões.
O cálculo de distribuição do FEFC 2022 tem como base o número de representantes eleitos para a Câmara dos Deputados e para o Senado Federal nas Eleições Gerais de 2018, bem como o número de senadores filiados ao partido que, na data do pleito, estavam no primeiro quadriênio dos respectivos mandatos.
O montante de R$ 4.961.519.777,00 representa a maior soma de recursos já destinada ao Fundo Eleitoral desde a sua criação, em 2017.
Já em termos de tempo no horário eleitoral, só têm os partidos que obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada uma delas; ou tiverem elegido pelo menos 15 deputados federais em pelo menos um terço das unidades da Federação.
Conforme a legislação eleitoral, 90% do tempo total de propaganda são distribuídos proporcionalmente pelo número de deputados. O restante (10%) é dividido igualitariamente.
A divisão do TSE ficou da seguinte forma:
- Coligação Brasil da Esperança: 3 minutos e 39 segundos / 287 inserções;
- Coligação Pelo Bem do Brasil: 2 minutos e 38 segundos / 207 inserções;
- Coligação Brasil para Todos: 2 minutos e 20 segundos / 185 inserções;
- União Brasil: 2 minutos e 10 segundos / 170 inserções;
- PDT: 52 segundos / 68 inserções;
- PTB: 25 segundos / 33 inserções;
- Partido Novo: 22 segundos / 30 inserções.
Governabilidade
Passada a disputa eleitoral, haverá ainda formação da governabilidade, base de apoio ao governo eleito, para assim dar andamento nas propostas encaminhadas ao Congresso. O cientista político Paulo Kramer destacou ainda a importância desse relacionamento entre o Legislativo e Executivo.
“Como a democracia representativa só funciona com um bom relacionamento entre os Poderes, é importante que o eleitor escolha presidentes, governadores, senadores e deputados do mesmo partido ou, ao menos, de tendências semelhantes, de modo a facilitar a formação de coalizões, sem as quais fica muito difícil governar o País,” concluiu Paulo Kramer.
Fotos — Os senadores em fim de mandato
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Acre
Mailza Gomes (PP)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Gladson Cameli, eleito em 2018 governador do Acre • Divulgação/Senado
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Alagoas
Fernando Collor (PTB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Amapá
Davi Alcolumbre (União*)
Mandato: 2015 - 2023
Foi presidente do Senado entre os anos de 2019 e 2021
*Eleito pelo DEM • Divulgação/Senado
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Amazonas
Omar Aziz (PSD)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
- 5 de 27
Bahia
Otto Alencar (PSD)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
- 6 de 27
Ceará
Tasso Jereissati (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Distrito Federal
José Antônio Machado Reguffe (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT • Divulgação/Senado
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Espírito Santo
Rose de Freitas (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Goiás
Luiz do Carmo (PSC)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente de Ronaldo Caiado, eleito governador de Goiás em 2018 • Divulgação/Senado
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Maranhão
Roberto Rocha (PTB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
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Mato Grosso
Wellington Fagundes (PL)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
- 12 de 27
Mato Grosso do Sul
Simone Tebet (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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- 13 de 27
Minas Gerais
Alexandre Silveira (PSD)
Mandato: 2022 - 2023
Suplente de Antônio Anastasia, eleito ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) • Divulgação/Senado
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Pará
Paulo Rocha (PT)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
- 15 de 27
Paraíba
Nilda Gondim (MDB)
Mandato: 2021 - 2023
Suplente de José Maranhão, que morreu em 2021 • Divulgação/Senado
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Paraná
Álvaro Dias (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSDB • Divulgação/Senado
- 17 de 27
Pernambuco
Fernando Bezerra Coelho (MDB*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
- 18 de 27
Piauí
Elmano Férrer (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB • Divulgação/Senado
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Rio de Janeiro
Romário (PL*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PSB • Divulgação/Senado
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Rio Grande do Norte
Jean Paul Prates (PT)
Mandato: 2019 - 2023
Suplente Suplente de Fátima Bezerra, eleita em 2018 governadora do Rio Grande do Norte • Divulgação/Senado
- 21 de 27
Rio Grande do Sul
Lasier Martins (Podemos*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PDT • Divulgação/Senado
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Rondônia
Acir Gurgacz (PDT)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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Roraima
Telmário Mota (Pros*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleito pelo PTB • Divulgação/Senado
- 24 de 27
Santa Catarina
Dário Berger (MDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
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- 25 de 27
São Paulo
José Serra (PSDB)
Mandato: 2015 - 2023 • Divulgação/Senado
- 26 de 27
Sergipe
Maria do Carmo Alves (União*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo DEM • Divulgação/Senado
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Tocantins
Kátia Abreu (PP*)
Mandato: 2015 - 2023
*Eleita pelo MDB • Divulgação/Senado
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