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    Dino diz que Bolsonaro ‘estimula crimes’ e politiza investigações sobre compras

    Governador do Maranhão afirmou que entrada de populares em hospitais de campanha os coloca em risco e desrespeita médicos e pacientes

    Da CNN

    O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou nesta sexta-feira (12) em entrevista à CNN que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “estimula a prática de crimes” e provoca um “triplo desrespeito” ao incentivar apoiadores a “arrumarem um jeito de entrar” em hospitais de campanha a fim de fiscalizar os gastos com a pandemia.

    “Ele estimula que haja invasões em um triplo desrespeito. Em primeiro lugar, aos pacientes, aos doentes, que podem a sua privacidade invadida. Segundo, aos profissionais de saúde, que estão ali trabalhando segundo normas técnicas que devem ser respeitadas. E em tercero lugar, um desrespeito aos próprios invasores, na medida que estão se expondo a ficarem doentes. É muito estranho que o presidente da República se dedique o tempo todo a estimular a prática de crimes como esse”, disse.

    Dino afirma que Bolsonaro tem “postura agressiva” no trato da pandemia da Covid-19. “Além de se omitir, ele se ocupa de sabotar”, criticou. O governador afirma acreditar que o presidente não está convencido da gravidade da crise de saúde pública e afirma que as medidas tomadas pelos estados, ao promoverem o distanciamento social, “salvaram milhares de vidas”.

    Governadores

    O governador do Maranhão é um dos signatários de uma carta que reúne os nove estados do Nordeste, divulgada nesta sexta. O documento diz que o presidente Jair Bolsonaro adotou um “método inconsequente” ao falar dos hospitais de campanha e da sua recomendação para ingresso e filmagens nesses locais.

    “O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida na Constituição”, escreveram. 

    Os governadores também disseram que o Brasil está em uma “inusitada e preocupante situação” diante de operações policiais na casa de governadores, sem antes ouvir os investigados nem solicitar documentos. “É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados”. 

    Investigações

    Questionado, Flávio Dino admitiu a possibilidade de irregularidades na compra de insumos de saúde, assunto que foi base para operações recentes da Polícia Federal contra os governos do Rio de Janeiro, do Amazonas e do Pará. No entanto, o governador maranhense defendeu que não seja generalizado — “precisamos separar o joio do trigo” — e que não há politização dos inquéritos. “Não podemos transformar investigações legítimas em luta política”, disse.

    Dino citou a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro e que, em entrevistas recentes, afirmou que operações seriam deflagradas contra chefes de executivos estaduais. As falas da parlamentar estão sendo apontadas por algumas autoridades, como o governador de São Paulo João Doria (PSDB), como possíveis sinais de politização dos inquéritos.

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    O governador do Maranhão criticou ainda outro trecho da fala de Bolsonaro em transmissão ao vivo no Facebook, quando o presidente menciona que recebe e envia para a Polícia Federal e para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relatos de irregularidades.

    Dino, que é ex-juiz federal, afirma que o presidente não poderia fazer isso de forma informal. “O Bolsonaro diz que manda vídeo para a Polícia Federal informalmente, isso é totalmente ilegal. Ele não pode fazer isso. Ele diz que manda vídeos para a Abin, a Abin não tem nenhuma competência legal para isso. Isso é um escândalo jurídico”, disse.

    ‘Oferta e procura’

    O governador do Maranhão afirmou ainda que, em geral, as compras de insumos feitas durante a pandemia foram feitas a custos de fato mais altos do que os valores usuais destes produtos. Dino argumentou que isso ocorreu pela “lei da oferta e da procura”, mandamento da economia que diz que os preços sobem quando a procura aumenta. 

    “A lei da oferta e da procura não foi inventada pelos governadores. Todo mundo sabe que os insumos aumentaram de preço. Nós somos vítimas disso. No auge da pandemia, todos os preços dispararam. E o que você ia fazer? Ia parar de comprar as coisas porque os preços tinham aumentado? Aumentado pelo mercado porque tinha uma escassez mundial”, disse.

    (Edição: Paulo Toledo Piza).