Dezenove ex-ministros de Lula e 17 de Bolsonaro disputam as eleições de 2022
Ministérios têm impulsionado candidaturas no Brasil, inclusive para a Presidência, desde o início da República
Comandar um ministério costuma render frutos eleitorais para seus ocupantes. Foi assim, por exemplo, com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), eleito presidente em 1994 depois de ter sido ministro das Relações Exteriores e da Fazenda de seu antecessor, Itamar Franco.
Dilma Rousseff (PT) se elegeu em 2010 após ter comandado os ministérios de Minas e Energias e da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O trabalho em ministérios, secretarias e outros cargos técnicos no governo federal dá notoriedade, especialmente se seu resultado ganha reconhecimento público.
Levantamento da CNN mostra que 19 ex-ministros de Lula e 17 do presidente Jair Bolsonaro (PL) estarão com seus nomes nas urnas nas eleições de outubro.
De 2003 a 2010, o petista nomeou, ao todo, 104 ministros ao longo de duas gestões. Já o atual governo contou com 57 nomes para comandar as pastas de 2019 a 2022.
Dos 19 ex-ministros de Lula, 12 estão em partidos que compõem sua coligação nacional. O número é o mesmo na coligação de Bolsonaro, entre os 17 ex-integrantes do governo que disputam cargos.
Os ex-ministros de Lula
Entre os 19 ex-membros do governo petista que concorrem nas eleições, há um candidato à Presidência da República, um ao governo de São Paulo, quatro ao Senado, 11 à Câmara dos Deputados e dois que tentam uma cadeira nas Assembleias Legislativas. Eles são candidatos em nove estados e no Distrito Federal.
Os candidatos a cargos do Executivo são Ciro Gomes (PDT), ex-ministro da Integração Nacional durante o primeiro governo Lula, e Fernando Haddad (PT), ex-ministro da Educação.
Aldo Rebelo (PDT), que foi ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais de Lula, concorre ao Senado por São Paulo. Ele foi, posteriormente, ministro do Esporte, Ciência e Tecnologia e da Defesa de Dilma Rousseff.
Também tentam uma vaga como senador Olívio Dutra (PT), ex-ministro das Cidades, pelo Rio Grande do Sul, e Romero Jucá (MDB), da Previdência Social, por Roraima.
José Fritsch (PT), que comandou a Aquicultura e Pesca, está na disputa como suplente na chapa de Dário Berger (PSB), que concorre ao Senado em Santa Catarina.
Dentre os 11 que disputam a Câmara, mais da metade se concentra no eixo Rio-São Paulo.
São eles: Alexandre Padilha (PT-SP), que chefiou as Relações Institucionais; Orlando Silva (PCdoB-SP), do Esporte; Marina Silva (Rede-SP), do Meio Ambiente; Edson Santos (PSB-RJ), das Políticas de Promoção da Igualdade Racial; Miro Teixeira (PT-RJ), das Comunicações; e Benedita da Silva (PT-RJ), da Assistência e Promoção Social.
Outros que pleiteiam cargo de deputado federal são Reinhold Stephanes (PSD-PR), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Patrus Ananias (PT-MG), do Desenvolvimento Social; Eunício Oliveira (MDB-CE), das Comunicações; e Agnelo Queiroz (PT-DF), do Esporte. No Amazonas, Alfredo Nascimento, que foi ministro dos Transportes, é filiado ao PL, atual partido de Bolsonaro.
Na corrida por uma vaga de deputado estadual estão Carlos Minc (PSB-RJ), ex-ministro do Meio Ambiente, e Miguel Rossetto (PT-RS), do Desenvolvimento Agrário.
Os ex-ministros de Lula estão presentes em todas as regiões do país, mas concentrados no Sudeste, onde há dez nomes. No Sul, há quatro; no Norte, dois; no Centro-Oeste, um; no Nordeste, mais um.
Os ex-ministros de Bolsonaro
Nove ministros de Bolsonaro se desincompatibilizaram de suas funções, de uma só vez, no início de 2022, para disputar cargos eletivos. Mas a quantidade de ex-integrantes do governo federal nas urnas neste ano é maior e começa já com seu candidato a vice-presidente.
Sua chapa conta com o general Walter Braga Netto (PL), que foi seu ministro da Casa Civil e da Defesa.
Os ex-ministros também concorrem em nove estados e no Distrito Federal. Entre os 17 candidatos, cinco disputam a Câmara dos Deputados; oito, o Senado; e três, os governos estaduais.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que esteve à frente da Infraestrutura, disputa o governo. João Roma (PL), ex-ministro da Cidadania, é candidato ao governo da Bahia. Onyx Lorenzoni (PL), que comandou Casa Civil, Trabalho e Previdência Social, Secretaria-Geral da Presidência e Cidadania, concorre ao Executivo do Rio Grande do Sul.
Marcos Pontes (PL), que foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, disputa uma cadeira do Senado por São Paulo. Também concorrem à Casa Rogério Marinho (PL), que chefiou o Desenvolvimento Regional, pelo Rio Grande do Norte; e Gilson Machado, do Turismo, por Pernambuco.
Outros que concorrem ao cargo são Sérgio Moro (União Brasil), que comandou a Justiça e a Segurança Pública, e Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), ex-ministro da Saúde, por Paraná e Mato Grosso do Sul, respectivamente. Eles saíram do governo por desavenças com Bolsonaro e atualmente são críticos do presidente.
Mandetta disputa a cadeira diretamente com Tereza Cristina (PP), que comandou a Agricultura, Pecuária e Abastecimento e é a candidata de Bolsonaro para o Senado no estado.
No Distrito Federal também há disputa entre ex-ministras. Flávia Arruda (PL), que chefiou a Secretaria de Governo, e Damares Alves (Republicanos), da Mulher, Família e Direitos Humanos, disputam tanto o apoio de Bolsonaro quanto a cadeira do Senado.
Ao todo, cinco ex-ministros de Bolsonaro pleiteiam cadeira de deputado federal. São eles: Ricardo Salles (PL-SP), do Meio Ambiente; Abraham Weintraub (PL-SP), da Educação; Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), do Turismo; Eduardo Pazuello (PL-RJ), da Saúde; e Osmar Terra (MDB-RS), da Cidadania.
Do total de ex-ministros, três disputam as eleições na região Sul, seis no Sudeste e três no Nordeste. Além disso, quatro pleiteiam vagas no Centro-Oeste. Não há nomes no Norte.
A relação entre ministérios e política
Na história do Brasil, é comum que ministros ganhem peso político e concorram a cargos nas eleições. Muitos casos são antigos. O quarto presidente da história do país, Campos Sales, havia sido ministro da Justiça durante o governo de Deodoro da Fonseca.
O quinto presidente, Rodrigues Alves, comandou a Fazenda nos governos de Floriano Peixoto e Prudente de Moraes, segundo e terceiro presidentes do país, respectivamente.
Hermes da Fonseca foi ministro da Guerra de Afonso Pena. Epitácio Pessoa comandou mais de uma pasta durante o governo Campos Sales. E Getúlio Vargas chefiou a Fazenda de Washington Luís.
Durante o governo de Vargas, Eurico Gaspar Dutra foi ministro da Guerra; e João Goulart, do Trabalho, Indústria e Comércio.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
Fotos — Os candidatos a presidente em 2022
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