Destaque da reforma eleitoral é veto às coligações, diz cientista político
Senado aprovou nesta quarta-feira (22), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Eleitoral e derrubou a volta das coligações
O cientista político Rafael Cortez acredita que o principal destaque da reforma eleitoral é o veto às coligações partidárias nas eleições de deputados e vereadores.
“A principal razão para o destaque desse veto é que as coligações proporcionais operaram de forma fictícia a representação do eleitor, porque a figura da coligação eleitoral não tinha duração ao longo do processo legislativo, ela varia somente para contar votos e aumentar o número de cadeiras de determinado partido”, explicou Cortez à CNN.
O cientista político argumenta que o eleitor não tinha controle para onde seu voto ia. “Eventualmente votava num candidato do partido A e ajudava a eleger um nome do partido B, isso ficava claramente contra a vontade do eleitor.”
O Senado aprovou nesta quarta-feira (22), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Eleitoral e derrubou a volta das coligações. A proposta dá mais peso a votos em mulheres e negros na divisão de recursos partidários.
Como o Senado apenas suprimiu trechos que não tinham consenso, como o retorno das alianças partidárias, a PEC não precisa voltar à Câmara dos Deputados. Agora, o texto precisa ser promulgado pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) até o dia 2 de outubro. Caso isso não aconteça até esta data, as regras não vão valer para as eleições do próximo ano.
Na avaliação de Cortez, o sistema político brasileiro, do ponto de vista do eleitorado, é muito complexo. “É muito difícil acompanhar para aonde vai esse voto, porque, na verdade, por mais que a gente vote num candidato, estamos votando num partido sem saber. Dificilmente um deputado, por exemplo, é eleito só com os votos pessoais que ele ganha. O voto de um deputado eleito é a soma dos votos individuais com os votos que as pessoas dão na legenda partidária.”