Desistência de Doria abre disputa interna no PSDB por recursos da campanha, dizem integrantes do partido
As duas alas do PSDB sinalizaram que manterão o confronto interno em torno da candidatura presidencial
Com a desistência da candidatura presidencial de João Doria, o PSDB precisará debater o destino dos R$ 65 milhões egressos dos fundos partidário e eleitoral, que estavam previstos para abastecer sua campanha, dizem integrantes do partido.
As duas alas do PSDB, que sinalizaram que manterão o confronto interno em torno da candidatura presidencial, têm avaliações distintas sobre como esses recursos devem ser utilizados. Somando os fundos partidário e eleitoral, o PSDB tem R$ 378,9 milhões.
Integrantes da cúpula do partido, encabeçada pelo presidente Bruno Araújo, apoiado no jogo interno por aliados do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que defendem o apoio do partido a candidata do MDB, Simone Tebet, avaliam que, sem a candidatura nacional, os recursos devam ser distribuídos para as candidaturas a governador do PSDB enquanto outra parte, menor, deva ser destinada a campanha nacional, para a qual o PSDB deve indicar um vice.
Aliados de Rodrigo Garcia querem pavimentar a aliança com Tebet, um nome considerado por sua campanha como mais leve que o de Doria para ser apresentado ao eleitor paulista. Além disso, o apoio de Rodrigo Garcia a Tebet permite que ele atraia eleitores de outros candidatos, como Jair Bolsonaro (PL) e até mesmo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mas a ala contrária ao apoio à candidatura de Simone Tebet, liderada pelo diretório de Minas Gerais, com respaldo em parte da bancada federal, avalia que é preciso fortalecer as candidaturas a deputados federais e estaduais para evitar que a legenda tenha a menor bancada de sua história na próxima legislatura. O PSDB elegeu 29 deputados federais e hoje tem 22. Em 2010 e 2014 foram eleitos 54. Esse grupo defende, basicamente, que ao menos sejam definidos os critérios de distribuição dos recursos e que esses termos sejam aprovados pela Executiva da legenda.
Como o debate é diretamente vinculado à definição se o partido irá ou não apoiar Simone Tebet, ele deverá ser posterior a essa decisão, adiada, por ora, para o dia 2 de junho. Hoje, fontes do PSDB afirmam que a aliança da cúpula do partido com a ala paulista é majoritária no partido para conseguir aprovar a aliança com o MDB e também os critérios de distribuição de recursos.
Mas mesmo integrantes desse grupo afirmam que se Tebet não melhorar seu desempenho nas pesquisas até o dia 2 de junho, o outro grupo poderá se fortalecer na defesa da tese de uma candidatura própria, ainda a ser construída. Hoje, o nome de Eduardo Leite ressurgiu após a desistência de Doria, mas há rejeição ao seu nome nas duas alas. A avaliação é de que seu nome poderá ensejar uma judicialização em razão da derrota nas prévias.
Procurado, o tesoureiro do PSDB, Cesar Gontijo, não se manifestou.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.