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    Desfile militar gera discussão entre senadores na CPI e atrasa depoimento

    Opositores criticam ato no mesmo dia de votar proposta sobre voto impresso, bandeira de Bolsonaro; líder do governo diz ‘respeitar os que divergem’

    Giovanna Galvani, da CNN, em São Paulo*

     O desfile de veículos militares em frente ao Palácio do Planalto e próximo ao Congresso Nacional na manhã desta terça-feira (10) provocou reações acaloradas entre os senadores presentes na CPI da Pandemia, que recebe hoje o coronel da reserva Hélcio Bruno.

    A discussão alongou-se por mais de uma hora e dividiu senadores governistas. Já na abertura da sessão de hoje, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), classificou a exibição militar como um “ataque à democracia”, que “não pode passar impune”.

    “Bolsonaro imagina com isso estar mostrando força, mas na verdade está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa que provoca mortes, fome e desemprego em meio a um pandemia ainda sem controle”, disse Aziz.

    Os senadores de oposição convergiram na crítica sobre a exibição militar ocorrer no mesmo dia da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o voto impresso nas eleições — projeto apoiado pelo presidente e que desencadeou uma crise institucional entre os Poderes. A Marinha afirma que o desfile já estava programado antes de a votação ser marcada pela Câmara dos Deputados.

    Líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que continuará “defendendo o governo federal, embora respeite os que divergem e criticam”. “Nós vamos superar os momentos de maior tensão apostando e reforçando nosso compromisso com o estado democrático de direito”, disse na CPI.

    Minutos antes de entrar na sessão, o senador do MDB disse à CNN preferir “acreditar que não se trata de nenhum tipo de ato de provocação, mas sim coincidência de que os exercícios estejam sendo feitos na semana em que o Congresso Nacional debate matérias importantes”.

    O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) ponderou que tal “coincidência” poderia ter sido cancelada. “Os que me antecederam estão com razão em relação a essa atitude hoje, que poderia ter sido cancelada. Seria um gesto feliz se essa ‘coincidência’ fosse cancelada. Um erro não justifica o outro”, criticou.

    Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou o desfile militar como “patético”. “É pra demonstrar força para quem? O que importa é a inflação, o preço da carne, do arroz, que os brasileiros não estão tendo dinheiro pra pagar, são os desempregados e as famílias brasileiras órfãs por conta da pandemia.”

    Já para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), o comboio militar não “assusta” nem “constrange”. “Ao olhar no retrovisor do tempo, o que me constrange é o desfile de corrupção e roubalheira. Esse desfile de dinheirama me constrange. Quem tem medo de militar tem razão para ter, mas eu não”, completou, evitando citar diretamente a presença do presidente na exibição.

    A senadora Simone Tebet (MDB-MS), da bancada feminina, afirmou que a exibição não se tratou de “mera coincidência” — como classificado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

    Os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da Pandemia
    Os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da Pandemia
    Foto: Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    “A régua do retrocesso é a mesma. Ontem, foi imposto um sigilo de 100 anos em documentos que comprovam corrupção da compra da Covaxin. Hoje, tanques na Esplanada no dia que a Câmara vai enterrar o voto impresso e o Senado vai aprovar a Lei do Estado Democrático de Direito”, disse Tebet.

    *Com informações de Bia Gurgel e Rafaela Lara, da CNN

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