Deputados federais do PT e PSL debatem manifestações de rua no Brasil
Enio Verri (PT-PR) e Coronel Armando (PSL-SC) debatem sobre as motivações dos atos
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Enio acredita que parte da população brasileira, que representa a oposição, está dando uma resposta aos atos favoráveis ao governo que, afirma, “em alguns momentos, incitaram a ruptura democrática”, com faixas contra o Supremo Tribunal Federal.
“O importante é que a população brasileira percebeu que é inadmissível que isso continue, e sem a direção dada pelos partidos políticos, mas em especial pelas torcidas organizadas, pelos movimentos sociais, de raça e gênero, começam a ir às ruas para mostrar que esse discurso fascista, de ruptura democrática e anti-constitucional não tem espaço no Brasil”, disse.
Coronel Armando discordou que as manifestações pró-governo sejam antidemocráticas. “Está havendo um desvirtuamento quando se coloca que a manifestação de direita é fascista e antidemocrática. Essa manifestação é democrática e existe, no meio das milhares de pessoas que participam, uma ou outra pessoa que tem um cartaz, que não concordamos, que atacam o STF e o Congresso Nacional”.
O deputado do PSL defende que, desde que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, em 2018, “as esquerdas se colocaram contra o Brasil” e, também, que o Congresso está agindo contra todas as propostas e medidas apresentadas pelo governo. Acrescentou, ainda, que grupos radicais não são bem vindos nas manifestações pró-Bolsonaro.
Setores de esquerda estão divididos quanto a aderir ou não aos atos durante a pandemia do novo coronavírus. Enquanto algumas lideranças de oposição preferem não endossar a ida de pessoas às ruas, por conta do aumento do número de casos da Covid-19 no Brasil, que registra 50 mil mortos, outra ala entende que não dá para segurar ou impedir a manifestação das pessoas e tentam aconselhar que todos cumpram as recomendações sanitárias de distanciamento social e uso de máscara.
“De fato a esquerda tem divisão. Nós, do Partido dos Trabalhadores, não temos nenhuma nota pedindo para a militância do PT ir às ruas, porque nós achamos um risco. Ao contrário do grupo do Coronel Armando e em especial do Jair Bolsonaro, que é contra o isolamento social — e o presidente vai às ruas sem máscara, pega crianças nas mãos — nós defendemos a ciência e o isolamento social. Por isso, nós fazemos um apelo para que a militância avalie muito bem antes de sair”, diz Enio Verri. O deputado disse que, em nota, ele e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, orientam que se forem às ruas, usem máscaras, mantenham distância e usem álcool gel.
Enio criticou o modo como a direita vem tratando o termo “violência”, atrelando apenas aos atos de oposição, e repudiou o ataque ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, quando manifestantes de um grupo pró-Bolsonaro, o “300 do Brasil”, liderado pela ativista Sara Winter, que foi presa em 15 de junho, atacaram com fogos de artifício a corte. No acampamento, em frente ao Palácio do Planalto, ele ressalta, foram encontrados armas.
Coronel Armando respondeu dizendo que Sara Winter, em 2014, já foi vista com faixas contra Jair Bolsonaro, na época em que ainda era deputado, e que, portanto, segundo ele, a ativista era de esquerda, e depois teria mudado de lado. O deputado defendeu a ideia de que a militante pode ter se tornado uma infiltrada nos atos pró-governo. “Ela teve um passado na esquerda, não sei por que ela mudou para o nosso lado, ou pode ser uma das pessoas que se decepcionou ou se infiltrou no nosso meio”, afirma.
Ambos os deputados criticaram Renan da Silva Sena, funcionário terceirizado do MDH (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), da ministra Damares Alves, que agrediu enfermeiras durante manifestações em Brasília.
“Numa democracia, ser de direita, ser de esquerda e ser de centro não é problema. Quem defende o pensamento único é quem defende a ditadura. Isso eu quero ressaltar de forma muito explícita. O problema é quando se utiliza da mentira, do desrespeito ou tenta se criar uma coisa que não existe”, disse Enio Verri.