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    Deputado Bibo Nunes diz que alunos de universidades federais contrários a Bolsonaro merecem morrer queimados

    Parlamentar critica estudantes que realizaram manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Reprodução Facebook

    Da CNN

    em São Paulo

    O deputado Bibo Nunes (PL) criticou estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), que realizaram manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a favor de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à presidência da República.

    Em vídeo publicado no Facebook, Nunes caracteriza os estudantes como pessoas que não querem “trabalhar, ir à luta, estudar para vencer na vida” e “sempre dependeram da mesada do papai e da mamãe”. “Vocês são a vergonha, a escória do mundo. Vocês têm que viver no lixo, no esgoto, porque vocês produzem nada”, diz o deputado.

    O parlamentar cita o filme Tropa de Elite e afirma:

    Pegaram aqueles coitadinhos, aqueles riquinhos ajudando pobre, se deram mal, queimaram vivos dentro de pneus, queimaram vivos dentro de pneus, e é isso que esses estudantes alienados, filhos de papai que têm grana merecem. Não que eu queira isso, mas merecem, aqueles que estão arriscando acabar com nosso Brasil

    Bibo Nunes

    Repercussão

    Após a repercussão do caso pela imprensa, Bibo Nunes fez outra publicação em que afirma que teve sua fala deturpada.

    “Quem me conhece sabe que jamais falaria esses absurdos, generalizando contra os estudantes. Falei do filme Tropa de elite e misturaram tudo”, diz o parlamentar na publicação.

    A CNN entrou em contato com as universidades citadas e aguarda retorno.

    Em nota, Gabriel Rovadoschi Barros, sobrevivente do incêndio na Boate Kiss e presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, afirmou que o deputado, com a sua fala, “demonstrou total desconsideração pela memória e história da cidade, marcada pela tragédia-crime da boate Kiss, em que 242 jovens, dentre eles mais de 100 estudantes da mesma universidade faleceram no incêndio”. “Demonstrou, também, não sentir absolutamente nada pelas nossas perdas, violentando nosso luto e indo na contramão do nosso propósito, que é lutar em prol da vida e segurança de todos”, escreveu Barros.

    “A juventude de Santa Maria é marcada pelas cicatrizes da tragédia e ainda busca formas de viver e lidar com as consequências traumáticas da nossa história. As ofensas à vida proferidas pelo deputado são uma barbárie e ferem a toda humanidade de uma nação. Jamais aceitaremos a naturalização da insanidade, da violência e da desumanidade. Não aceitamos a desculpa de “mal entendido” de quem proferiu as frases que disse, na íntegra, e que faz do uso da palavra sua profissão”, acrescentou.

    “Aos familiares de vítimas, sobreviventes, amigos de vítimas e santa-marienses em geral, saibam que jamais abriremos mão de lutarmos pela honra e memória de nossos filhos e amigos que perdemos. Promover ódio é desonrar a memória das vítimas e sobreviventes, que muitos naqueles momentos torturantes e de desespero do incêndio na Kiss não se detiveram e voltaram para salvar amigos. A esses jovens heróis não podemos aceitar a covardia da desumanização pela palavra, pois, palavras como tais proferidas resultam em novas tragédias”, concluiu Barros.

    Tragédia em Santa Maria

    A cidade de Santa Maria, que abriga a universidade federal citada por Bibo Nunes foi o local de uma das mais marcantes tragédias brasileiras. Em 27 de janeiro de 2013, um incêndio na Boate Kiss, localizada na área central da cidade gaúcha, resultou na morte de 242 pessoas e feriu 636.

    O fogo teve início após um dos integrantes da Banda Gurizada Fandangueira disparar um artefato pirotécnico e as fagulhas atingirem o teto, que era revestido de espuma.

    Os sócios da boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha Leão foram condenados no dia 10 de dezembro de 2021.

    Os quatro condenados foram soltos em agosto após o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) anular o julgamento feito pelo Tribunal do Júri, em dezembro de 2021. Dois desembargadores votaram a favor e um, contra.

    O Ministério Público do Rio Grande do Sul recorreu da soltura, e ainda cabe recurso contra a anulação, mas, se não for feita a representação a outras instâncias, um novo julgamento deve ser realizado, ainda sem data definida.

    (Publicado por Lucas Rocha, com informações de Carolina Figueiredo, Tiago Tortella e Giulia Alecrim)