Denúncias de corrupção fizeram MDB encolher, diz Tebet
Pré-candidata afirmou ainda que maioria do partido não pode ser representada por “três ou quatro senadores” que manifestaram apoio à candidatura de Lula
A senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, respondeu nesta segunda-feira (18) aos questionamentos internos sobre sua candidatura, que não tem decolado nas pesquisas de intenção de voto, e fez críticas indiretas a nomes do MDB citados em investigações de corrupção. A declaração foi dada em sabatina realizada pelo portal UOL em parceria com o jornal Folha de S.Paulo.
“O que fez o MDB encolher não foi candidatura própria, o que fez encolher foram denúncias gravíssimas de corrupção que, depois, ao longo do tempo, foram se comprovando que não eram verdadeiras. Mas não vamos esquecer que o MDB, hoje, se reinventou com a eleição do novo presidente do partido. Nós, pela primeira vez, saímos do fisiologismo, de estar apoiando sempre um presidente da República, e disputamos a presidência da Câmara e do Senado”, disse.
A senadora também respondeu a declarações do senador Renan Calheiros (MDB-AL), segundo as quais o MDB “não pode brincar de candidatura à Presidência”. A frase de Renan foi dita em entrevista ao UOL, em 14 de abril.
“A primeira pessoa numa reunião e num jantar que eu estive com senadores da República a dizer ‘coloque seu nome e vamos experimentar e vamos ver até a convenção o que seu nome pode levar’ foi o do senador Renan Calheiros. Ele estava no jantar quando eu fui a primeira a usar a palavra e é isso que estamos fazendo”, disse.
Durante a sabatina, Tebet disse não considerar um erro o apoio dado pelo MDB aos governos do PT. “Não acho que foi ruim ter feito parte, o problema foi a forma como se comportou”, declarou.
Ela afirmou ser “radicalmente contra” o fato de o MDB ter sido por muito tempo “fisiológico”, ao participar de governos em busca de ministérios e cargos.
Apoios do MDB a Lula e Bolsonaro
Na mesma entrevista, Tebet disse que a maioria do partido não pode ser representada por “três ou quatro senadores” que manifestaram apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que, se a ala “mais forte” da legenda pudesse optar, dividiria o palanque com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
“Hoje, o MDB é muito mais forte no Sul e no Sudeste e, se pudesse fazer uma opção, não optaria por estar no palanque do PT e sim do atual presidente”, afirmou. A assessoria da pré-candidata confirmou à CNN que ela se referia a Bolsonaro.
Tebet defendeu, porém, que o partido não apoie nem Lula nem Bolsonaro. “O MDB hoje não tem condições de escolher um lado. O MDB, se não tiver candidatura própria, vai entrar numa fragmentação. Nós não temos consenso e não conseguimos ir para um lado ou para o outro. A maioria absoluta do partido entende que os dois lados não servem para o Brasil”, afirmou.
Em 11 de abril, Lula foi recebido em jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), em Brasília. Senadores do MDB como Renan Calheiros (AL), Veneziano Vital do Rêgo (PB), Marcelo Castro (PI) e Rose de Freitas (ES) estiveram no encontro. O petista tem apoio de emedebistas do Nordeste.
Como mostrou a analista da CNN Basília Rodrigues, o ex-senador Eunício Oliveira disse que o grupo de senadores do partido “não quer um Meirelles novamente”, em referência à candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que obteve apenas 1,2% dos votos nas eleições de 2018. “Se a Simone vier lá na frente a congregar, tudo bem!”, afirmou Oliveira.
Durante a sabatina, Tebet disse que o MDB não pode ser representado apenas por esse grupo que se encontrou com Lula, pois o partido “tem 37 deputados federais e 12 senadores”.
Fotos – os pré-candidatos à Presidência
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Conversas com Moro
Ao ser questionada sobre as conversas que tem mantido com Sergio Moro e os erros da Lava Jato, Tebet evitou fazer críticas ao ex-juiz. A senadora disse considerar que a operação cumpriu um “papel importante” ao “escancarar escândalos de corrupção”.
Ao mesmo tempo, afirmou que o cumprimento das leis, da Constituição e do devido processo legal precisa ser sagrado. A senadora disse ainda querer crer que a atuação de Moro, ao julgar os processos da Lava Jato, “foi de boa fé”.
(Publicado por Estêvão Bertoni)