Delgatti busca redução de pena com revelações sobre Bolsonaro e Zambelli, diz advogado de hacker à CNN
Polícia Federal (PF) ouvirá hacker novamente nesta sexta-feira (18); em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, ele detalhou seu encontro com o ex-presidente
O advogado Ariovaldo Moreira, que representa o hacker Walter Delgatti Neto, afirmou à CNN, nesta sexta-feira (18), que seu cliente busca redução de pena com as revelações feitas à CPMI do 8 de janeiro sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
“O Walter, desde o início, fala a verdade. Com relação ao relacionamento com Bolsonaro e os ministros, foi opção do Walter, ele quis trazer isso [à CPMI]. Claro que ele busca um abrandamento de pena“, disse Ariovaldo.
Após detalhar à CPMI seu encontro com o ex-presidente em agosto de 2022, a Polícia Federal (PF) solicitou que Delgatti preste novo depoimento à instituição. Ele já havia sido ouvido na última quarta-feira (16).
“Eu fui pego de surpresa com relação a esse [novo] depoimento. Não sei o que mais querem saber. O depoimento que o Walter prestou à PF era sobre a invasão ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Não foi perguntado nada a respeito da visita a Bolsonaro, da relação dele com o Ministério da Defesa”, declarou o advogado.
De acordo com Ariovaldo, o encontro entre Bolsonaro e Delgatti no ano passado está comprovado. Ainda segundo o advogado, Delgatti tem provas de seu encontro com Zambelli em um posto de combustível entre as cidades de Araras e Limeira, no interior de São Paulo.
O que Delgatti disse à CPMI do 8/1
- O marqueteiro Duda Lima – responsável pela campanha à reeleição a Bolsonaro – pediu para que o hacker criasse um “código-fonte fake” para apontar fragilidades nas urnas eletrônicas;
- Bolsonaro prometeu um indulto caso Delgatti fosse preso em alguma ação contra as urnas;
- O ex-presidente teria encaminhado o hacker ao Ministério da Defesa, com o objetivo de Delgatti orientar servidores da pasta na elaboração do relatório das Forças Armadas sobre as urnas;
- Bolsonaro citou um “grampo” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente solicitou que Delgatti “assumisse a autoria” da invasão.
(Entrevista produzida por Julliana Lopes, da CNN, em Brasília)