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    Delegado do caso Adélio narra duas reuniões com Bolsonaro

    Bolsonaro "não manifestou insatisfação e nem fez perguntas durante a apresentação" de laudo que atestou insanidade mental de Adélio Bispo, diz delegado da PF

    O então candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, é carregado nas costas por militantes durante ato político em Juiz de Fora, em Minas Gerais. No detalhe no circulo, Adélio Bispo
    O então candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, é carregado nas costas por militantes durante ato político em Juiz de Fora, em Minas Gerais. No detalhe no circulo, Adélio Bispo Foto: Fabio Motta/Estadão Conteúdo (06.set.2018)

    Renata Agostinida CNN

    O delegado Rodrigo Morais, que conduz investigação sobre Adélio Bispo, afirmou em depoimento nesta quarta-feira (20) que esteve em uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto em duas ocasiões: “no início de 2019” e “na semana passada” . 

    Segundo ele, no primeiro encontro, no ano passado, o laudo médico atestando a insanidade mental de Adélio já havia sido concluído e Bolsonaro “não manifestou insatisfação e nem lhe fez perguntas durante a apresentação”.

    Morais contou aos investigadores que, participaram desta reunião: o chefe da PF em Minas, Cairo Duarte, além do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. 

    Segundo Morais, o presidente tem advogados que acompanham o inquérito semanalmente e que, no curso das investigações, solicitaram diligências. De acordo com o relato do delegado, todas foram acatadas e realizadas. 

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    Morais conduz inquérito que foi instaurado em setembro de 2018 para apurar se Adélio teve ajuda de outras pessoas ou organizações criminosas para planejar o atentando contra Bolsonaro. Um relatório parcial sobre o caso foi apresentado há poucos dias, indicando que não há qualquer evidência de que ele tenha recebido ajuda. 

    O inquérito só não foi arquivado porque a PF aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal sobre se poderá analisar o celular do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que se apresentou para defender Adélio em 2018, mas nunca revelou quem estava custeando seus serviços.

    Segundo Morais, com esse relatório em mãos, ocorreu a segunda reunião com o presidente, na semana passada, para apresentar novamente os achados da PF no caso. 

    O delegado afirmou que, no segundo encontro, o presidente “ao final, aparentemente, reconheceu o esforço investigativo, não se mostrando insatisfeito com o trabalho realizado pela Polícia Federal”.

    Morais foi ouvido como parte das investigações para apurar a suposta interferência política de Bolsonaro na PF. A CNN teve acesso à integra do depoimento. 

    Em pronunciamento em abril, logo após Sergio Moro anunciar que deixaria o governo, o presidente negou interferência política na corporação e citou a investigação de Adélio como um episódio em que solicitou informações. 

    “Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento. Nos quase 16 meses que esteve a frente do Ministério da Justiça, o senhor Sérgio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas. A não ser aquelas, não vi interferência, mas quase como uma súplica sobre o Adélio, o porteiro, e meu filho zero quatro”, disse o presidência na ocasião.