Declaração de Barroso sobre Forças Armadas divide o STF
Declaração seria importante para conclamar as Forças Armadas a se aliarem ao Judiciário, mas para alguns não foi bem vista
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se dividiram sobre a declaração de Luís Roberto Barroso de que as Forças Armadas seriam orientadas a atacar e a desacreditar o processo eleitoral. Existe uma ala do Supremo preocupada com manifestações violentas depois das eleições de outubro caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) não seja reeleito.
Para esses ministros, os militares teriam papel fundamental para defender o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as instituições. A declaração de Barroso, portanto, seria importante para conclamar as Forças Armadas a se aliarem ao Judiciário. Na semana passada, diante de uma plateia de militares, Bolsonaro cumprimentou Barroso por ter convidado as Forças Armadas para participar do processo eleitoral. No Judiciário, a fala foi recebida como ironia, não como recuo.
Para outros ministros do STF, a declaração de Barroso não foi bem-vista, porque contribuiria para colocar mais lenha na fogueira acesa entre o Palácio do Planalto e os ministros do Judiciário.
“E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?”, questionou o ministro do Supremo em evento no dia 24, durante um seminário sobre o Brasil promovido pela Universidade Hertie School, de Berlim, na Alemanha.
À CNN, um ministro do Supremo disse, em caráter reservado, que seria melhor que o STF não fosse colocado como protagonista em conflitos entre os Poderes. Dessa forma, a Corte estaria em uma posição mais isenta para enfrentar questões jurídicas durante o processo eleitoral. Para esse ministro, a declaração de Barroso deixa o STF ainda mais exposto durante a campanha.