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    Eleições 2022

    De coluna social a operação da PF: a 1ª aparição dos presidenciáveis na mídia

    Pré-candidatos começaram a estampar páginas dos jornais nos anos 1970; mais jovens surgiram primeiro nas redes sociais antes de se tornarem conhecidos nacionalmente

    Arte CNN

    Lílian Cunhacolaboração para a CNN

    Aos 76 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o mais velho entre os pré-candidatos à Presidência em 2022. Seu nome aparece na imprensa nacional há quase meio século, desde que assumiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em 1975. Apesar disso, Lula não é quem está há mais tempo na mídia entre os que pretendem comandar o país a partir de 2023.

    Dois anos antes da primeira aparição do petista nos jornais, João Doria Júnior, 64, foi citado em uma coluna social por participar de um evento esportivo do colégio em que estudava. Ele tinha apenas 15 anos.

    As primeiras aparições na mídia dos pré-candidatos à Presidência costumam envolver justamente colunas sociais, comentários em partidas de futebol, pedidos de reposição salarial, greves de caminhoneiros e operações da Polícia Federal, segundo um levantamento da CNN.

    Há também os que surgiram antes nas mídias sociais e só depois em veículos de comunicação, como André Janones, 37, um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018.

    A seguir, em ordem alfabética, veja como foi a estreia de cada um dos postulantes na mídia nacional.

    André Janones (Avante)

    O mineiro André Janones é o mais novo dos pré-candidatos ao Planalto. Talvez por isso tenha ganhado fama primeiro nas redes sociais, e só depois aparecido na imprensa tradicional.

    Janones lança candidatura a prefeito de Ituiutaba, em 2016 / Reprodução – TV Integração/Rede Globo

     

    Natural de Ituiutaba (a 678 km de Belo Horizonte), foi cobrador de ônibus entre 2003 e 2005. Conseguiu uma bolsa de estudos, em 2004, e formou-se advogado.

    Reprodução – Folha de S.Paulo

    Em 2016, candidatou-se a prefeito de sua cidade natal e ficou em segundo lugar, com 24% dos votos. Sua primeira aparição em veículos regionais aconteceu nessa época.

    O grande salto de popularidade, entretanto, aconteceu durante a greve dos caminhoneiros de maio de 2018, quando se aproximou dos grevistas e se tornou um dos porta-vozes do movimento, principalmente pelo Facebook.

    Em meio à paralisação, em 29 de maio de 2018, o jornal Folha de S.Paulo publicou a reportagem “Agitadores nas redes incluem ‘Chorão’ e advogado ex-petista”, em referência a Janones, que já havia sido filiado ao Partido dos Trabalhadores.

    Sua fama cresceu tanto que, daí para o cargo de deputado federal em Brasília, em 2018, foi um pulo.

    Ele foi o terceiro mais bem votado em Minas Gerais nas eleições daquele ano, com 178.660 votos.

    Ciro Gomes (PDT)

    Ciro Gomes, 64, é paulista de Pindamonhangaba e se mudou para Sobral, terra de seus pais no Ceará, aos quatro anos de idade.

    Começou a aparecer na mídia regional por volta dos 20 anos, mas não como político. Recém-formado em direito, Ciro tornou-se professor universitário e foi convidado para ser comentarista esportivo da rádio Educadora do Nordeste.

    Mas não foi comentando os jogos do Guarany de Sobral que ele chamou a atenção da imprensa.

    Reprodução – O Globo 18.jan.1986

    Sua primeira aparição na mídia nacional foi em 1986, quando era deputado estadual do Ceará pelo PMDB e fez oposição à então prefeita de Fortaleza, Maria Luísa Fontenele (PT) — primeira mulher eleita prefeita de uma capital —, que junto com funcionários municipais em greve foi a Brasília pedir crédito ao então presidente, José Sarney (PMDB). Para Ciro, ela não deveria estar do mesmo lado dos grevistas.

    Reprodução – O Globo – 16.nov.1988

    Em 1989, ele mesmo se elegeu prefeito de Fortaleza. Dois anos depois, deixou a administração para se tornar governador do Ceará e praticamente não saiu mais da mídia. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em 6 de abril de 1993, por exemplo, Ciro apareceu fazendo duras críticas ao ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, então presidente do PMDB.

    / Reprodução/O Estado de São Paulo/6.abr.1993

    Jair Bolsonaro (PL)

    A primeira vez que o nome do atual presidente foi estampado na imprensa nacional data de 25 de dezembro de 1983. Foi uma aparição singela numa página da Folha de S.Paulo.

    Espremida por dois grandes anúncios de liquidação do Mappin (icônica rede de lojas de departamentos de São Paulo), uma matéria listava os 1.500 oficiais das Forças Armadas que haviam sido promovidos pelo então presidente, o general João Baptista Figueiredo. Bolsonaro havia se tornado primeiro-tenente.

    Mas foi em 3 de setembro de 1986, quando já era capitão, que ele apareceu com mais espaço.

    “Há poucos dias a imprensa divulgou o desligamento de dezenas de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras por homossexualismo, consumo de drogas e uma suposta falta de vocação para carreira”, dizia ele, num artigo assinado na coluna Ponto de Vista – uma de suas primeiras aparições na revista Veja.

    Artigo de Bolsonaro para a revista Veja em 1986 / Reprodução – Revista Veja/3.set.1986

    “O motivo de fundo é outro”, prosseguia. “Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira que assola as massas de oficiais e sargentos do Exército brasileiro”. No texto, com o título “O salário está baixo”, ele reclamava da falta de reajuste dos soldos dos militares em época de inflação galopante.

    A repercussão foi tímida na mídia, mas Bolsonaro ficou detido durante 15 dias por causa do artigo.

    Um ano depois, na última semana de outubro de 1987, ele voltou às páginas da revista com o mesmo tema. Uma reportagem denunciava seu plano de explodir bombas em quartéis caso o reajuste salarial prometido aos militares ficasse abaixo de 60%. O objetivo do atentado, que nunca foi executado, era assustar o então ministro do Exército para indicar que ele não tinha o controle da tropa. Bolsonaro negou envolvimento no plano.

    Aí o caldo entornou. Os jornais passaram a tratar do assunto. Bolsonaro negava que havia dado entrevista à revista semanal, conforme nota divulgada pelo Comando Militar do Leste, publicou O Estado de S. Paulo em 27 de outubro.

    Reprodução O Estado de São Paulo/27.out.1987

    Na semana seguinte, a revista Veja fez outra reportagem sobre o mesmo assunto, mostrando os esboços do plano desenhados por ele para provar a veracidade da história.

    Reprodução – Revista Veja

    Bolsonaro teve que responder a um processo militar sobre o caso e a imprensa continuou, no ano seguinte, cobrindo timidamente o tema. Ele foi absolvido pelo Supremo Tribunal Militar em junho de 1988. O assunto votou na campanha de 2018 e até hoje Bolsonaro é enfático ao negar ter planejado um atentado em quartéis.

    João Doria (PSDB)

    Hoje com 64 anos, João Doria Júnior apareceu nas páginas dos grandes jornais pela primeira vez em 10 de outubro de 1973, quando era um garoto de 15 anos.

    Reprodução – Folha de S.Paulo

    “Hoje na Sociedade Esportiva Paineiras, o jogo de futebol entre professores e alunos do Colégio Rio Branco. O time dos mestres é comandado pelo Prof. Osvaldo Barbosa e o dos alunos, por João Doria Jr.”, dizia o colunista social Tavares de Miranda, na Folha de S.Paulo.

    Filho de um ex-deputado e grande publicitário do século passado, Doria assumiu uma diretoria na antiga TV Tupi São Paulo, aos 18 anos, antes de se formar em comunicação social. Depois, foi para a Rede Bandeirantes. Iria ainda dirigir a MPM, então a maior agência de propaganda do país.

    Reprodução/O Estado de São Paulo

    Só começou a aparecer nos jornais como figura pública ao ser empossado secretário de Turismo de São Paulo e presidente da Paulistur (1983-1986) na administração do então prefeito Mário Covas.

    Doria, até então, era apenas citado como presença em eventos de inauguração. Até que Jânio Quadros, sucessor de Covas na prefeitura, disse, antes de tomar posse, que fecharia a Paulistur, empresa municipal de turismo.

    “Ele que faça o que quiser”, dizia Doria, no título da matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 12 de dezembro de 1985.

    Doria voltou a aparecer em colunas sociais, em citações a eventos empresariais que promovia e também como colunista da revista Isto É Dinheiro, entre 2008 e 2011, ou como apresentador dos programas “Aprendiz Universitário e Aprendiz Empreendedor”, exibidos pela Record TV.

    Reprodução/Record TV

    Em 2016, entrou de vez para a política ao vencer a disputa para a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno.

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Luiz Inácio Lula da Silva aparece frequentemente nas páginas dos jornais pelo menos desde 1975. Foi naquele ano que a eleição para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em chapa única, lhe valeu a primeira menção na grande imprensa, no jornal O Estado de S. Paulo.

    Reprodução O Estado de São Paulo/4.mar.1975

    Após assumir o sindicato, deu suas duas primeiras entrevistas, uma para a TV Cultura e outra para o jornal “Notícias Populares”, que tinha uma coluna dedicada a falar do sindicalismo.

    O destaque de Lula aumentou por causa das negociações salariais com as montadoras que antecederam as grandes greves no final da década de 1970, durante a ditadura militar. Era época de inflação e a imprensa, na época, acompanhava de perto os sindicatos, que vinham de quase uma década sem greves.

    “Os presidentes dos sindicatos dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Diadema, Santo André, Mauá e Santos decidiram ontem, após uma reunião que durou cinco horas, tentar um diálogo com os empresários do setor para debater a reposição salarial”, noticiava a “Folha de S.Paulo”, com uma das primeiras fotos de Lula na imprensa, em 30 de setembro de 1977.

    Reprodução/Folha de S.Paulo – 30.set.1977

    Seu nome foi parar nas manchetes pela primeira vez em 15 de maio de 1979, em O Estado de S. Paulo: “Luís Inácio: greve agora seria inviável”. Naquele tempo, o sindicato negociava reposição salarial de 57%.

    Reprodução – O Estado de São Paulo/15.mai.1979

    Sergio Moro (Podemos)

    Sergio Fernando Moro, 49, formou-se em direito pela Universidade Estadual de Maringá em 1995 e tornou-se juiz federal em 1996. Seis anos após seu início como magistrado, ele apareceu pela primeira vez na imprensa nacional em uma matéria do jornal O Globo, de 19 de dezembro de 2002.

    / Reprodução – O Globo/10.dez.2002

    Intitulada “Jader é acusado de evasão de divisas no Paraná”, a nota contava que o procurador da República Nazareno Wolf “denunciou ao juiz Sergio Fernando Moro, da 2ª Vara Federal Criminal, em Curitiba, o ex-presidente do Senado Jader Barbalho (PMDB) por evasão de divisas”. Moro não era entrevistado.

    Ele só ganhou maior notoriedade um ano depois, no caso dos doleiros do Banestado e na Operação Farol da Colina, desencadeada pela Polícia Federal contra 63 doleiros acusados de remessas ilegais de divisas a serviço de empresários, políticos e servidores públicos, por meio do extinto Banco do Estado do Paraná.

    Moro conduzia a ação contra os doleiros, e Alberto Youssef era um dos envolvidos. Prestes a ser condenado, Youssef fez um acordo de delação com Moro para escapar da prisão, em 2004.

    Alberto Youssef seria depois o delator da operação Lava Jato, que fez a fama de Moro, e cumpriu três anos de prisão. Ele foi solto em 2019.

    Em 2005, Moro já era destaque na mídia, com uma entrevista ao jornal Estado de São Paulo em 21 de agosto daquele ano onde falava sobre suas investigações envolvendo evasão de divisas.

    Entrevista de Sergio Moro ao Estado de São Paulo, em 2005
    Entrevista de Sergio Moro ao Estado de São Paulo, em 2005 / Reprodução/O Estado de São Paulo

    Simone Tebet (MDB)

    Simone Tebet, 52, foi a única de seus três irmãos a seguir carreira política. Seu pai, Ramez Tebet, foi presidente do Senado, ministro da Integração Nacional durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ex-governador e deputado estadual do Mato Grosso do Sul e prefeito de Três Lagoas (MS).

    Formada em direito, Simone deu aulas em universidades no início dos anos 1990. Caiu na política quando se tornou consultora técnica jurídica da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (1995-1997). Em 2002, foi eleita a deputada estadual mais votada pelo estado, com 25.251 votos.

    Mas foi como prefeita de Três Lagoas (MS), cargo ao qual se elegeu em 2004, que começou a ganhar destaque na mídia nacional.

    Em um caderno especial sobre o desenvolvimento regional do Brasil, O Estado de S. Paulo dedicou quase meia página à cidade administrada por ela.

    Reprodução/O Estado de São Paulo/20.nov.2005

    O texto dizia que “com energia abundante, localização privilegiada e incentivos fiscais, Três Lagoas, situada na divisa com o extremo noroeste de São Paulo e a 330 quilômetros de Campo Grande, está conquistando a posição de cidade mais industrializada de Mato Grosso do Sul”.

    “Somente este ano, 15 novas indústrias foram instaladas no município”, afirmou, ao jornal, a então prefeita.

    Por mais de uma década, Simone Tebet teve uma atuação regional, sem despertar o interesse da grande mídia. Foi em 2014, ao disputar uma vaga no Senado, que ela voltou a ser destaque – anos depois, já era noticiada como uma figura importante de seu partido, o PMDB, como destacou o Estado de São Paulo em 19 de junho de 2016.

    Reprodução/O Estado de São Paulo/19.jun.2016

    Ganhou maior notoriedade em fevereiro de 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, quando se inscreveu para disputar a presidência do Senado contra o colega de partido Renan Calheiros. A surpresa foi ter perdido por um só voto dentro da bancada do MDB.

    Simone também se destacou por sua participação durante a CPI da Pandemia no Senado, em 2021, onde teve uma atuação incisiva contra as políticas do governo federal na pandemia.

    Fotos – Os pré-candidatos à Presidência