Crise entre poderes é sem precedentes, diz Kassab
Presidente nacional do PSD vê o Brasil perto de "uma situação sem reversabilidade"
O embate do presidente Jair Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal (STF), que nesta quinta-feira (5) motivou uma resposta do presidente da corte, Luiz Fux, é uma crise institucional sem precedentes no Brasil, na visão do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
“É uma crise sem precedentes. Nas últimas décadas, não tivemos em nenhum momento algo parecido. Seria impossível a quase dois anos atrás, no início da pandemia, imaginar que nesse momento, o Brasil, ao invés de ter o seu governo discutindo a fome, discutindo emprego, discutindo a vacina, discutindo a educação, vem esse bate-boca com o judiciário”, disse Kassab, em entrevista para a CNN.
Nesta quinta, Bolsonaro reagiu à inclusão de seu nome no inquérito das “fake news” afirmando que “chegaria a vez” do ministro Alexandre de Moraes. Este novo ataque motivou Luiz Fux, presidente do STF, a criticar Bolsonaro publicamente em uma sessão do STF e anunciar que a reunião entre os poderes, adiada desde a internação do presidente em julho, está oficialmente cancelada.
“No momento em que, corretamente, o poder judiciário, através da sua maior alta autoridade, o presidente do STF, suspende a reunião que teria com o presidente da República por entender que ele não que o diálogo, por entender que ele quer o enfrentamento. Nós estamos chegando perto de uma situação que não tem reversibilidade e isso será muito ruim para todos nós brasileiros”, diz o presidente nacional do PSD.
O foco da crise está nas manifestações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas e defesa do voto impresso, que teve uma PEC derrotada na Câmara na noite desta quinta. Em sua tradicional live nas redes sociais, o presidente afirmou que não tem problemas com o STF. Na mesma transmissão, Bolsonaro voltar a fazer ataques contra o ministro Luiz Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Nós vemos o governo batendo boca com o poder judiciário sem motivo. A justiça eleitoral tem todo o direito de se manifestar em relação às questões importantes do pleito do ano que vem. o presidente confunde manifestações da justiça eleitoral com interferência da justiça eleitoral, procurando com isso confundir o cidadão brasileiro. É impossível você entender, aceitar, que a tese dos bolsonaristas, de fazer valer a partir de agora o voto impresso, para voltarem as fraudes. É isso que está em jogo. É um presidente que não está saber focar quais são os problemas do país”, disse Kassab.
