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    CPI da Pandemia recebe Emanuel Catori, sócio da farmacêutica Belcher

    Empresa representava o laboratório CanSino no Brasil e foi citada na Operação Falso Negativo. Senadores devem adentrar nas relações de Catori com Ricardo Barros, Luciano Hang e Carlos Wizard

    Giovanna Galvanida CNN , em São Paulo

    A CPI da Pandemia recebe, nesta terça-feira (24), mais um depoente para tratar dos bastidores das negociações por vacinas contra a Covid-19. O empresário Emanuel Catori, sócio da Belcher Farmacêutica, comparece ao Senado Federal na condição de convocado e deverá explicar mais detalhes sobre intenções de compra envolvendo o imunizante Convidencia, do laboratório chinês CanSino.

    O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao empresário o direito de ficar em silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. O empresário poderá contar com o auxílio de seu advogado, com quem poderá conversar de forma reservada. Ele também não poderá ser submetido à prisão por conta do exercício de seu direito de defesa.

    A CanSino tornou-se alvo da CPI devido ao processo de negociação com o governo federal assemelhar-se ao caso da vacina indiana Covaxin: houve uma empresa intermediária e um preço mais alto por uma dose, de US$ 17 – até então o maior dentre todas as vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde.

    A intermediária era justamente a Belcher Farmacêutica, responsável por firmar com o Ministério da Saúde uma intenção de compra de 60 milhões das doses únicas da vacina no dia 15 de junho, em um contrato que, se fechado, seria de R$ 5 bilhões. A empresa também chegou a protocolar junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido de uso emergencial do imunizante.

    No site da Belcher, a empresa é descrita como quem “desenvolve, fabrica e empacota medicamentos genéricos, antibióticos beta-lactama e cefalosporina e substâncias controladas”. As operações no Brasil completaram 10 anos em abril de 2021, mesmo tempo que Emanuel Catori ocupa a chefia da companhia. Também são mencionadas duas plantas nos Estados Unidos, no estado da Flórida.

    No entanto, a Anvisa recebeu, no dia 17 de junho, um comunicado da CanSino afirmando que a Belcher e o Instituto Vital Brazil, outro autorizado para negociar em nome da CanSino, não tinham mais autorização para representar a farmacêutica no Brasil. Com isso, o processo de aquisição da vacina para uso no país foi encerrado.

    Em nota enviada à imprensa na época, a Belcher afirmou que não era mais a representante desde o dia 10 daquele mês “por questões técnicas de natureza privada entre as empresas”.

    Operação Falso Negativo

    A empresa de Emanuel Catori foi uma das citadas na Operação Falso Negativo, do Ministério Público do Distrito Federal, que apurou o superfaturamento dos produtos, principalmente testes de Covid-19, adquiridos pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF).

    Catori não foi um dos denunciados pelo MP-DF até o momento, mas a Belcher ofereceu ao DF propostas idênticas a outras empresas farmacêuticas identificadas no esquema.

    Além do superfaturamento na aquisição de insumos, os investigadores identificaram evidências de que as marcas adquiridas pelo SES-DF não seriam seguras para a detecção da Covid-19. O somatório do valor das dispensas de licitação sob investigação supera o valor de R$ 73 milhões, segundo o MP-DF.

    Relação com Barros, Hang e Wizard

    Ricardo Barros depõe na CPI da Pandemia
    Ricardo Barros depõe na CPI da Pandemia / Jefferson Rudy/Agência Senado

    Emanuel Catori, que atua com a Belcher em Maringá, no Paraná, também deverá ser questionado pelos senadores por suas relações com pessoas do núcleo próximo do governo federal, como o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.

    Além disso, no requerimento feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para convocá-lo, o vice-presidente da CPI da Pandemia afirmou que Catori “já fez transmissões online com Luciano Hang e Carlos Wizard para tratar da venda da vacina para o Brasil”. Para a CPI, Wizard e Hang eram integrantes de um “gabinete paralelo” que atuava junto ao governo federal.

    No entanto, a empresa negou quaisquer relações no âmbito dos negócios na mesma nota à imprensa divulgada para esclarecer a representação da CanSino no país.

    “O público envolvimento da Belcher com os empresários Luciano Hang e Carlos Wizard, ou mesmo com Alan Eccel ou qualquer eventual outra autoridade ou terceiro, se deu, única e exclusivamente, no que tange ao plano de união da iniciativa privada com o poder público para viabilizar doações ao SUS”, diz o comunicado.

    *Com informações de Anna Satie, da CNN

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